Pelo segundo ano, o Cine Grandiose teve a oportunidade de fazer parte do “Olhar de Cinema”. Em sua 6º Edição, o Festival de Cinema de Curitiba traz 125 filmes de artistas de vários cantos do mundo categorizadas em 11 Mostras, além das sessões de Abertura e Encerramento. São 9 dias de Cinema para todos os gostos. Nesta postagem, os filmes assistidos serão adicionados para organizar e facilitar o acesso.
Filme de Abertura
La Familia (A Família)
“La Familia” abre o Festival introduzindo uma amplitude de temas em discussão atualmente, assim como outros universais e elementares da experiência humana. Aproveitando o recente caos na Venezuela, o diretor conta a história de pai e filho enfrentando as dificuldades dispostas pelo ambiente em paralelo às consequências de suas ações individuais. O meio dita os termos e as pessoas que nele vivem devem se adaptar sem nunca estar isentos da responsabilidade de suas atitudes.
Encerramento
Baronesa
De todas as coisas que tenho certeza na vida, uma delas com certeza é a de que este encerramento de festival não foi tão bom quanto o do ano passado. Nunca tive muito interesse por esta obra. Pareceu mais um filme de favela e foi exatamente isso, sem superar seus predecessores ou trazer boas idéias bem executadas aqui. Em algum lugar deste conceito, existe um bom filme, mas não neste longa-metragem.
Olhares Clássicos
Anatahan (A Saga de Anatahan)
O último filme de Josef von Sternberg não fez muito pela minha vontade de conhecer seu trabalho. A história é única e tinha potencial para ser marcante, assim como deveria ser o conto de soldados ilhados no meio do nada achando que a Segunda Guerra não acabou. Graças a uma narração excessivamente presente, o resultado é uma forma pobre afetando um conteúdo rico.
Qing mei zhu ma (História de Taipei)
Um forte candidato para melhor filme do festival, este clássico diretamente de Taiwan traz uma história tematicamente não muito diferente de outros conterrâneos orientais. Não seria absurdo traçar paralelos entre este longa e “Era Uma Vez Em Tóquio”, de Yasujirô Ozu. Ambos tratam de dilemas comuns da existência humana, mas nem por isso deixam de ser profundos em suas abordagens. O valor dos eventos não é inerente, mas construído dentro de uma narrativa coesa e potente.
Ikarie XB 1 (Viagem ao Fim do Universo)
É triste saber que um filme influente como este seja tão pouco conhecido e comentado por aí. As pessoas são rápidas em glorificar “2001: Uma Odisséia no Espaço” quando este mesmo foi influenciado por “Ikarie XB 1”. São notáveis as semelhanças. O que foi inovador em 1968 tem várias inspirações nesta obra, principalmente na parte visual. Não só isso, como “Star Trek”, uma das obras mais populares do Sci-Fi também pode ser visto aqui em diversos momentos. Vale a pena para conhecer de onde vieram grandes sucessos do gênero.
Geschichte der Nacht (História da Noite)
Nada de descrições prolixas, vagas e imprecisas. Este filme é a coleção de uma série de passeios feitos pelo diretor pela Europa. Ele visita cerca de 50 cidades e grava o que vê na rua, depois monta tudo e chama de longa-metragem. Existem imagens belas e, ocasionalmente, com significado, mas esta segunda parte é mais exceção do que regra.
Longo Caminho da Morte
Um dos longas-metragens brasileiros do Festival, é também o único trabalho de direção de Júlio Calasso. Ambienta-se na época em que o Brasil possuía dinâmicas curiosas em sua política. Ainda mais do que hoje, acreditem se quiserem. No entanto, a execução de uma história nesse ambiente não é positiva como esperado. Ainda assim, há a possibilidade de que o interesse renovado na obra desperte interesse em outros cineastas sobre esse tempo histórico interessante.
Olhar Retrospectivo: F.W. Murnau
Schloß Vogelöd (O Castelo Vogelöd)
Não esperava muito deste filme e fui surpreendido. Nada do Terror que eu esperava, este é um Suspense envolvendo mistério no maior estilo dos romances antigos de detetive. É uma proposta simples em comparação com outras obras mais conhecidas de Murnau, porém se sobressai por conseguir apresentar sua trama objetiva sem forçar a barra pelas limitações do cinema mudo.
Faust: Eine deutsche Volkssage (Fausto)
Este era o filme que mais aguardava de Murnau. Estava pensando em assistí-lo nos últimos meses, mas vejo que fiz bem em me enrolar. A oportunidade veio na forma de uma cópia restaurada e projetada num telão de cinema. Talvez não tenha sido tudo o que eu esperava, mas já foi muito satisfatório, além de uma das produções visualmente mais ambiciosas e bem executadas do cinema mudo.
Phantom (Fantasma)
O título engana. Não é um filme de terror como “Nosferatu”, uma contraparte envolvendo almas penadas e reencarnações mal intencionadas. Não poderia ser mais diferente disso, pois é um drama profundo sobre a dificuldade de passar a vida em fantasias, paixões platônicas e ambições surreais.
Nosferatu, eine Symphonie des Grauens (Nosferatu)
Sinceramente, tinha gostado mais deste filme na primeira vez que vi, anos atrás. Hoje em dia, notei mais uma porção de defeitos que não fizeram nenhum favor a esta sinfonia do horror. Tem seus acertos e valor históricos, mas com certeza não funciona muito bem atualmente. Não por ter efeitos que envelheceram mal, e sim pelo modo como colocam o Terror em prática.
Sunrise: A Song of Two Humans (Aurora)
Ouvi diversos comentários sobre esta ser a melhor obra de Murnau e eles não estavam errados. Dos sete filmes do diretor que eu vi, nenhum chegou no mesmo nível. Alguns um pouco abaixo, outros com uma diferença maior. De qualquer forma, a primeira aventura do cineasta alemão em território Hollywoodiano rendeu um ótimo filme, que eventualmente marcou presença no primeiro Oscar de todos os tempos.
Der Letzte Mann (A Última Gargalhada)
Esta é uma das ocasiões infelizes em que uma idéia excelente é estragada pelo meio em que é representada. A premissa engloba aspectos sociais fortíssimos do povo alemão e a situação do país, além de ser interessante por si. Não são todos os filmes mudos que têm uma história tão potencialmente poderosa como essa, a decadência do homem. Infelizmente, os exageros do cinema mudo e a abordagem do diretor minam as possibilidades de um sucesso maior.
Herr Tartüff (Tartufo)
Até então, o filme mais fraco do diretor alemão. Embora curto para os padrões de longas-metragens, com 1h14 contra 2h ou mais, ainda parece ser tempo demais para um conceito tão simples. Além do mais, a abordagem utilizada é um tanto pobre ao utilizar o conceito de história dentro de história de um modo pouco imaginativo. Com tantas outras obras superiores, esta é bem passável.
Der Gang in die Nacht (Caminhada Noite Adentro)
Foi uma surpresa ver que o filme mais velho de Murnau — entre os que ainda existem — é melhor que outros posteriores. Mais ainda foi ver que as atuações exageradas, criticadas por mim em tantas outros filmes mudos, casa bem com o tom dramático da história. Finalmente, ver as pessoas desabando em choro ou quase desmaiando de sofrimento faz sentido.
Novos Olhares
La tierra aún se mueve (A Terra Ainda se Move)
Uma demonstração de imagens belas, ricas em detalhes e, às vezes, de conteúdo. Estética sem significado, mais de uma hora de duração que mais parecem uma eternidade quando a obra não mostra sinais de que vai mudar. Este é o tipo de filme que poderia ser vendido como protetor de tela de computadores ou demonstração de televisores de alta definição. Não é nada que inove a linguagem cinematográfica ou execute bem o que foi feito antes.