Seja em longas-metragens, em desenhos animados, em brinquedos ou séries de televisão, o Rei dos Monstros manteve-se em boa forma durante seus 60 anos de vida. Ao todo foram 29 produções japonesas e 3 americanas, lançadas entre 1954, com o “Gojira” original, e 2019, com o “Godzilla: King of the Monsters”. Nesse tempo Godzilla aterrorizou o Japão tantas vezes que é difícil entender como um engenheiro civil nunca ficou bilionário após reconstruir o país tantas vezes. Mas como é comum nesta franquia, algumas coisas ficam melhores se permanecerem inexplicadas. Em uma fantasia de borracha ou em computação gráfica, o Grande G sempre encontra alguma forma de impressionar seus fãs. Aqui todas as suas aventuras estão ordenadas da pior até a melhor.
32. All Monsters Attack (1969)
O pior Godzilla de todos os tempos mal pode ser chamado de filme do Godzilla, pois, ao contrário do que o título sugere, quase nenhum monstro ataca de verdade. Ao invés de tratar de brigas entre monstros e uma trama humana minimamente decente, este longa é quase completamente focado nos problemas de um garoto que sofre bullying. Para fugir dessa dura realidade, o menino visita a Ilha dos Monstros em seus sonhos; nunca deixando claro se Godzilla e Minilla são reais ou frutos da imaginação do menino. Lá torna-se amigo de Minilla e juntos dividem suas frustrações causadas pelos trombadinhas que os atormentam. No fim das contas, o filme se torna uma bagunça só, inserindo comédia pastelão de quinta categoria sempre que possível para piorar. Por sorte a duração é de apenas pouco mais de uma hora, então a tortura acaba relativamente rápido.
31. King Kong vs. Godzilla (1962)
O que poderia ter sido um embate épico entre dois dos monstros mais famosos do Cinema acaba sendo um grande fiasco quando executam mal a idéia. Em vez de apostar na seriedade, vão direto beber da fonte do humor pastelão. Os personagens, por exemplo, são mais chatos que engraçados com seus tons de voz bizarros e piadinhas sem graça. O próprio King Kong é uma criatura bizarra. Não souberam reviver o personagem, pois antes desse filme sua única aparição havia sido na década de 30. Com pouca referência, a Toho entrega um monstro com um design terrível e um comportamento similar a alguém com retardo mental. Sem uma história humana legal nem cenas de luta decentes, esse filme se posiciona como o segundo pior Godzilla de todos os tempos.
30. Godzilla vs. Megalon (1973)
Não entendo como algumas pessoas conseguem posicionar este longa mais alto em suas listas. Aqui temos outro filme que também não é do Godzilla, o protagonista na verdade é o robô Jet Jaguar. Concebido por meio de um concurso, no qual crianças tinham de desenhar um herói, Jet Jaguar era para ter sido a única estrela do filme. Infelizmente, perceberam que o valor de mercado do personagem era baixo e colocaram Godzilla no meio da história para não cancelar o projeto. A produção foi de baixíssimo orçamento e apressada, com tudo gravado em cerca de 3 semanas. Aqui Godzilla está em uma de suas encarnações mais bizarras: uma roupa esquisita o deixa com cara de cachorro e comportamentos humanos, como fazer poses de luta, dar golpes de karatê, fazer V de vitória e cumprimentar Jet Jaguar. Para completar, aqui ele mostra sua manobra ofensiva mais absurda: uma voadora com os dois pés, que o kaiju faz questão de repetir.
29. Godzilla (1998)
Não é porque este é considerado por muitos o pior remake de todos os tempos que vou automaticamente colocá-lo em último lugar. Na primeira produção americana totalmente original, Godzilla recebe uma mudança drástica em sua aparência e ataca Nova York ao invés do Japão. O design do monstro não é ruim, longe disso, é até bem feito se esquecermos que nos tentaram fazer engolir que aquele era Godzillla. Este não é Godzilla, por mais que o design seja bom. Justamente aí está um dos grandes problemas desse filme: mudam quase tudo que fez do Rei dos Monstros quem ele é. Desde o design até o comportamento, poderes e a imunidade às armas humanas. Ainda manuseiam mal as diversas cenas de ação, com inúmeros clichês deixando o filme pouco emocionante e óbvio demais. Nem os personagens humanos se salvam, os quais estão entre os mais estúpidos de toda a franquia e são mestres na arte de fazer piadas ruins nas piores horas.
28. Godzilla vs. Hedorah (1971)
Embora não seja o pior da franquia, este longa metragem é o mais retardado de todos. De longe. Aqui o monstro é uma ameba gigantesca que se formou através da fusão da poluição do mundo com uma bactéria do espaço. Seu ataque principal é… escorrer sua meleca em seus oponentes. Mais do que estrelar um monstro bizarro, este filme apresenta vários elementos esquisitos, como uma música de abertura ao maior estilo James Bond, sequências em desenho animado inseridas aleatoriamente e até mesmo Godzilla usando sua rajada atômica para voar pelos ares, tipo um jetpack. Alguns poucos momentos bons — com a atmosfera mais séria — fazem com que este longa se posicione mais alto no ranking, mas finalmente ele se mostra como um longa dispensável da série.
27. Ebirah, Horror of the Deep (1966)
A partir desse longa a criatividade envolvida na criação de monstros decai fortemente, fato visto claramente na lagosta gigante enfrentada por Godzilla. Com esse filme também começa uma certa leveza no modo como lidam com as histórias do kaiju, fazendo dele mais um super herói numa historinha divertida do que um monstro propriamente dito. Desde a trilha sonora até a própria história deixam essa suavidade de conteúdo bem clara. Outro ponto negativo é o fato da trama ter sido originalmente escrita para King Kong. Talvez novamente por medo das bilheterias, de última hora decidem inserir Godzilla no meio sem adaptar o roteiro. O resultado é um Godzilla agindo como Kong, dormindo aleatoriamente em qualquer lugar e se alimentando de eletricidade.
26. Son of Godzilla (1967)
Seguindo a tendência estabelecida por “Ebirah, Horror of the Deep“, há uma total transformação do Grande G em uma figura de família, agora ele é um monstro amigável e apelativo para as crianças. Investindo ainda mais nessa entonação, criam o personagem Minilla para atrair o público infantil. Essencialmente o filho de Godzilla, Minilla é um tipo de bebê trapalhão, que aqui tem aulas de como ser um monstro de verdade. Parece que aqui a franquia entrou de cabeça no gênero infantil, mas ainda melhoraria antes de piorar de novo. Por incrível que pareça, uma das poucas lutas boas da Era Shōwa está nesse filme. Finalmente mostram uma luta que faz algum sentido, golpes destrutivos em vez do “abraça-abraça” que foi mostrado até então.
25. Godzilla Raids Again (1955)
Lançado um ano depois do “Gojira” original, “Godzilla Raids Again” já introduz o conceito de luta entre monstros com Angilas, o kaiju que briga com Godzilla. Nesse filme, todo o simbolismo referente ao caos causado pela bomba atômica já se perde e o foco passa quase completamente ao embate entre os dois kaijus. Mesmo assim, o que se vê aqui é apenas um embrião do que estava por vir nos outros longas. Para efeito de comparação, as coreografias das lutas lembram dois moleques de 13 anos, que acham que grudar no pescoço do outro e cair no chão é lutar como um profissional. Somando isso com a aceleração de quadros nas cenas temos uma execução pouco eficiente dessas sequências. Ao menos as miniaturas de qualidade são mantidas aqui, as quais são visualmente agradáveis até hoje no preto e branco.
24. Godzilla vs. Gigan (1972)
Dentre os filmes dos Anos 70, esta é uma das menos piores. Voltando atrás o bastante para ignorar o fiasco dos filmes recentes, este longa traz de volta King Ghidorah e adiciona um inimigo novo ao repertório de kaijus. Este é Gigan, um monstro totalmente esquisito, mas que na prática mostra-se muito melhor que Megalon ou Hedorah. No geral é outra história nos moldes de antes da chacota, uma volta ao básico depois das esquisitices que surgiram. O grande pecado aqui acaba sendo o uso descarado de trechos de outros filmes, como quando uma das melhores sequências de “Destroy All Monsters” é colocada no meio da luta principal. Não só isso como também fazem a besteira da maneira mais relaxada possível: a história de “Godzilla vs. Gigan” se passa à noite enquanto as cenas emprestadas são de dia. Quem sabe a produção esperava que ninguém fosse notar, outro grande erro da parte deles.
23. Godzilla: Final Wars (2004)
O último longa-metragem da Era Millenium é facilmente o pior dos seis lançados. Tendo um orçamento maior que qualquer obra da franquia, “Godzilla: Final Wars” consegue gastar esse dinheiro da pior maneira possível. Enchem o roteiro do começo ao fim com cenas de ação sem dar um segundo para o espectador raciocinar, além do mais estas nem sempre são de qualidade e cometem repetidamente o erro de colocar explosões demais sem motivo algum. Também tentam trazer o maior número possível de monstros para superar “Destroy All Monsters“, chegando a 13 kaijus contra os 10 do filme de 1968. O grande problema é que favorecem o número de batalhas em detrimento da qualidade das mesmas, entregando uma batalha atrás da outra sem executá-las de forma satisfatória.
22. Ghidorah, the Three-Headed Monster (1964)
Aqui o arqui-inimigo do Rei dos Monstros é introduzido, o qual logo chega mostrando todo o poder destrutivo que fez os fãs gostarem do personagem. Além dele, Rodan também é mostrado pela primeira vez em um filme de Godzilla, mostrando todo seu poder (ou a falta dele) com sua incrível inutilidade no campo de batalha. Neste ponto da franquia, as lutas entre kaijus ainda não estavam completamente maduras, então os eventos que tanto esperamos acontecer são por vezes um tanto decepcionantes. Vemos Ghidorah destruindo a cidade como o Grande G nunca fez, mas seu embate com ele não é nada de mais. Há também um começo de humanização dos kaijus aqui, monstros sendo mais humanos que feras. Pode ser uma surpresa para os desavisados, mas os monstros sentam para conversar entre si e o próprio Godzilla chega a colocar as patas na bunda ao ser atingido nela por Ghidorah. Ao menos mantém os bons elementos de “Mothra vs. Godzilla“, que, mesmo com alguns defeitos, rendem uma história humana bacana.
21. Godzilla vs. Mechagodzilla (1974)
Perto do fim da Era Shōwa, a Toho introduz um dos inimigos mais icônicos de Godzilla, que se mostraria como figura proeminente nas duas séries seguintes de filmes do Grande G. Aqui as lutas começam a ficar mais interessantes, deixando de lado as esquisitices e palhaçadas de obras anteriores. No entanto, vão um pouco longe demais quando inventam poderes novos por simples conveniência do enredo; o que estraga um pouco a execução de tais cenas. Com exceção deste detalhe, as sequências estão entra as melhores que a Era Shōwa oferece. A trama, por outro lado, mostra um foco excessivo num ritual para acordar um monstro lendário. Com o tempo, a trama fica cansativa demais para ser intrigante, longe de outras vistas previamente.
20. Invasion of Astro-Monster (1965)
Mesmo mostrado pela primeira vez em “Ghidorah, the Three-Headed Monster“, o modelo de trama envolvendo invasão alienígena amadurece com este filme. Envolvendo extraterrestres aparentemente amigáveis, esta obra serve como referência para incontáveis outros filmes de Godzilla, tal como aconteceu com “007 Contra Goldfinger” e a franquia James Bond. O que impede este longa de ser melhor é justamente o foco muito grande em cima da trama em detrimento das cenas de luta, que são extremamente decepcionantes e inferiores às vistas antes. Outros detalhes, como a dança de vitória de Godzilla, estão presentes também, mas quanto menos comentários sobre eles, melhor.
19. Mothra vs. Godzilla (1964)
O primeiro filme depois do fiasco que foi o embate contra King Kong é também um dos melhores da Era Shōwa, mantendo-se simples e objetivo nas tarefas que se propõe. Ao contrário da história humana boba e genérica do predecessor, aqui se vêem temas mais maduros como estelionato e assassinato. Reflexo disso é a substituição dos personagens bobos e estúpidos por pessoas com quem o espectador possa ao menos criar um mínimo de empatia. Mais do que isso, esta é a estréia de Mothra, o oponente e eventual aliado mais frequente de todos os kaijus. A mariposa aparece em um total de 9 filmes do Rei dos Monstros, além de estrelar em outros 4 filmes seus.
18. Terror of Mechagodzilla (1975)
Neste filme está a prova que definitivamente guardaram uma das melhores partes para o final. “Terror of Mechagodzilla” traz de volta o veterano diretor da franquia, Ishirô Honda, que não dirigia o Grande G desde 1969. Com ele, vêm também todos os benefícios de seu talento. O inimigo do filme anterior está de volta depois que, reconstruído pelos alienígenas, ataca o Japão novamente. Junto com ele está Titanosaurus, um monstro esquisito que consegue fazer o bastante para tornar as cenas de luta melhores — leia-se: criar um clássico 2 contra 1. Felizmente, a criação de poderes por conveniência se mostra inexistente aqui, assim como o ritual para chamar algum monstro lendário. Indo direto ao que interessa, é impressionante que os fãs não tenham visto tais qualidades no segundo melhor filme da Era Shōwa, afinal este foi o último lançamento antes do hiato de 9 anos que a série teve.
17. Destroy All Monsters (1968)
Após tantas tentativas e erros, finalmente acertam a mão com “Destroy All Monsters”, o melhor da Era Shōwa. Apesar de ter uma história humana que poderia ter sido mais como “Invasion of Astro-Monster“, as sequências de luta entre kaijus chegam ao primeiro ápice de qualidade aqui. Sem comportamentos engraçadinhos nem japoronguices, esta obra mostra o que muitos esperam de um filme de monstros: porradaria sem dó entre feras gigantes. Dessa vez os golpes fazem algum sentido, fato facilmente notado quando uma porrada é dada para acabar com o oponente, não para fazer gracinha. Além disso, este era pra ter sido o último filme de toda a franquia, detalhe refletido no orçamento maior que o que veio antes. O resultado? Mais monstros que qualquer outro filme, chegando a 10 no total. Foi só com “Godzilla: Final Wars” que este recorde subiu para 13.
16. Godzilla 2000: Millenium (1999)
O primeiro filme da Era Millenium foi, mais do que tudo, um belo pé no ouvido dos produtores do “Godzilla” americano. Neste longa vemos um novo Godzilla ostentando um design claramente diferente do que foi visto nas Eras Shōwa e Heisei, mas que permaneceu fiel às suas raízes. Também mostram que era possível um filme da série puxar mais para o lado da ação, desde que estas sequências intensas fossem bem administradas. Os problemas principais aqui são a infeliz manipulação do ritmo, que varia constantemente entre muito rápido e lento, e as piores demonstrações do uso de CGI de todos os tempos. Uma surpresa desagradável, considerando que a franquia se estabeleceu principalmente com efeitos práticos.
15. Godzilla vs. Mothra (1992)
A primeira aparição de Mothra na Era Heisei marca também o ponto mais baixo dessa Era, com elementos de trama absurdos demais até para um filme do Godzilla. Tentam traçar uma origem milenar para Mothra, envolvendo civilizações avançadas que viveram antes da humanidade e mostram o planeta Terra tendo, literalmente, vida própria. No meio dessa bagunça ainda colocam Battra, basicamente uma versão maligna de Mothra, que também foi criada pela Terra para combater seus malfeitores. Pequenos detalhes acabam somando para uma experiência um pouco inferior ao que é visto no resto da Era Heisei, mas que ainda assim entrega alguns momentos de boa pancadaria.
14. Godzilla Against Mechagodzilla (2002)
A estréia de Mechagodzilla na Era Millenium é esquisita e criativa ao mesmo tempo. Resgatam elementos do primeiro “Gojira” quando Mechagodzilla é construído com os ossos do Godzilla original em sua estrutura. Isso acaba fazendo com que o robô pire de vez e saia destruindo o Japão da mesma forma como o kaiju do original faria. Apesar de um conceito interessante, ele é pouquíssimo usado. Acabam usando muito mais tempo de tela com os humanos tentando consertar o robô do que com ele pirando, por exemplo. No fim temos sequências de luta um pouco inferiores ao alto padrão da Era Millenium — em especial por causa de uma física exagerada — além destas serem poucas. O foco está mais nos personagens humanos que nos próprios monstros.
13. Godzilla vs. SpaceGodzilla (1994)
Tratado por muitos dos fãs como uma das obras mais fracas e desimaginativas, “Godzilla vs. SpaceGodzilla” apresenta um conceito interessante ao colocar dois kaijus bem similares frente a frente. Ao contrário de Mechagodzilla, essencialmente uma máquina que tem uma fisionomia parecida com Godzilla, SpaceGodzilla é um ser vivo como o Grande G. Isso torna o conflito um tanto mais legal, pois o kaiju não tem peças para serem quebradas, nem tem que passar por reparos o tempo todo para continuar lutando. Ambos são carne e osso, versões de uma mesma idéia. A única parte um tanto desnecessária é a inclusão de um robô chamado MOGUERA. Efetivamente ele é uma cópia barata de Mechagodzilla, que além de ter um design horrível possui utilidade duvidosa.
12. Godzilla vs. Megaguirus (2000)
Outro longa normalmente visto como um dos mais fracos da franquia, este é também considerado por muitos como o pior da Era Millenium. Para minha surpresa, não foi o caso em nenhuma das afirmativas. Este longa corrige muito dos erros cometidos por seu predecessor de 1999, como os problemas de ritmo e o uso terrível de CGI. Abraçam um pouco mais a perspectiva de um filme de ação sem voltar atrás como antes. Corrigir estes errinhos dá um caráter muito familiar à obra, que executa a fórmula da franquia quase perfeitamente enquanto aproveita os benefícios tecnológicos. Outro crítica frequente, e que também não foi problema, é Megaguirus ser muito parecido com Battra, mas, escolhas de design de lado, o kaiju entrega uma das melhores lutas de toda a franquia.
11. Godzilla: Tokyo S.O.S. (2003)
Se por um lado os filmes da Era Millenium não criaram nenhuma cronologia entre si, por outro “Godzilla: Tokyo S.O.S.” foi a exceção à regra. Cada longa da mencionada Era usava o “Gojira” original como ponto de partida, mas este longa continua diretamente os eventos de “Godzilla Against Mechagodzilla“. Felizmente, aqui dão a atenção necessária ao que realmente importa nesses filmes: violência gratuita entre kaijus. Com isso em mente, muitas das falhas de antes foram consertadas aqui, enquanto outros detalhes menores foram piorados. O exagero das lutas foi reduzido a um nível aceitável, o foco nos humanos foi reduzido e há mais tempo de briga entre os monstros. A única burrada foi substituir os personagens já bem desenvolvidos do outro filme por genéricos equivalentes, perdendo a chance de entregar um Godzilla com personagens humanos tão fortes quanto os próprios kaijus.
10. Godzilla Resurgence (2016)
Não esperava muito deste aqui. Tinha ouvido em algum lugar sobre Godzilla morrer e voltar como zumbi, então era apenas natural pensar que matar o Rei dos Monstros sem um cuidado absoluto seria complicado, especialmente numa ressurreição da série. Duas grandes figuras de “Neon Genesis Evangelion” são trazidas para a direção, um deles sendo o criador e outro um grande nome da supervisão de efeitos especiais. Abrem mão da fantasia de borracha? Sim, mas essa é apenas uma das mudanças trazidas aqui, a grande maioria benéfica. Trazem de volta o formato de Godzilla como uma ameaça nunca vista antes, algo que não era explorado tão diretamente desde o original de 1954; dessa vez sob um enfoque mais realista e diretamente ligado a uma crítica social ao Governo Japonês. Mas não só de politicagem “Godzilla Resurgence” é feito, ele conta também com algumas das melhores demonstrações de destruição e de poder de toda a série. Definitivamente não teve nada a ver com um Godzilla zumbi.
9. Godzilla (2014)
Enquanto a produção de Roland Emmerich de 1998 foi um desastre em todos os aspectos, com exceção de bilheteria. Já o Godzilla de Gareth Edwards fez o que devia ter sido feito muitos anos antes: um Godzilla americano claramente diferente do japonês, mas que se mantém fiel às características clássicas do kaiju. Enquanto os filmes orientais sempre mantiveram o uso de orçamentos baixos e efeitos práticos em sua execução, esta interpretação ocidental do monstro faz uso intenso de Computação Gráfica na criação do monstro e dos detalhados cenários. A ação entre monstros é simplesmente espetacular e alcança níveis de qualidade raramente vistos na série japonesa. Além disso, uma dinâmica de revelar o monstro aos poucos é usada aqui, tal como no original. Para mim foi o bastante para compensar o pouco tempo de tela do kaijo, mas para outros o tempo reduzido dessas sequências pode deixar uma vontade por mais no ar, desejo que, com sorte, será compensado nas continuações anunciadas.
8. Godzilla (1954)
O filme que deu origem a tudo, a semente que rendeu 27 continuações e plantou o Rei dos Monstros nos corações dos fãs. A dose de nostalgia é grande ao escrever sobre esse filme depois de ver todos os outros, mas mantenhamos a cabeça no lugar. Não é porque esse foi o primeiro de todos que ele deve ir automaticamente ao primeiro lugar na lista. Se por um lado este longa é importante e muito competente, por outro ele tem várias falhas. Sendo um dos dois únicos filmes em preto e branco, os efeitos práticos ficam estilosamente exibidos através do forte contraste entre os elementos da tela, camuflando as limitações de tais efeitos no processo. Apesar disso, o ritmo adotado ainda é um dos mais lentos de toda a série; fazendo da experiência uma das mais cansativas e consequentemente fazendo com que ela envelheça mal após tantos anos.
7. The Return of Godzilla (1984)
Após o preto e branco ter dado aos primeiros filmes um caráter sombrio e seco, o colorido de “King Kong vs. Godzilla” ditou firmemente a entonação do futuro da franquia: leve e um pouco infantil. Com o fim da Era Shōwa, todo esse clima suave de cores vivas deixa de existir. “The Return of Godzilla” marca o início da Era Heisei e com ela volta a entonação severa dos primeiros filmes. O Rei dos Monstros deixa de ser um super herói e volta a ser uma força da natureza com alto poder destrutivo, retomando seu papel de vilão da história. Além dos efeitos atualizados usados aqui, o que faz com que esta obra supere o “Gojira” original é a condução mais sólida do ritmo, executando a história humana de uma maneira mais sucinta e moderna. Efetivamente, contam a mesma história de uma maneira superior, envolvendo até mesmo um forte teor político em sua trama.
6. Godzilla vs. King Ghidorah (1991)
Após uma relativa decepção financeira da Toho com o embate contra Biollante, foi decidido que os monstros mais conhecidos da franquia seriam trazidos de volta para enfrentar Godzilla. Com este longa-metragem — e seu consequente sucesso — a Toho voltou a lançar anualmente os filmes do Grande G. Em um primeiro momento a trama de viagem no tempo parece simples de entender, então as coisas começam a complicar e vem o medo da trama ser um grande besteirol. Detalhes que parecem aleatórios eventualmente colocam as coisas no lugar e, surpreendentemente, dá sentido a história. Aqui temos um filme mais direcionado a ação em vez da ficção científica vista anteriormente. As lutas entre os kaijus se mostram muito satisfatórias novamente, ao passo que a parte humana chega a ser hilária e, curiosamente, divertida ao apresentar coisas claramente plagiadas de “O Exterminador do Futuro 2“. Exterminadores, viagem no tempo e monstros gigantes? Entretenimento garantido.
5. Godzilla vs. MechaGodzilla II (1993)
Ao ser introduzido em 1974, Mechagodzilla se mostrou como um oponente formidável, seja por seu design ameaçador ou por seu arsenal imenso. Mesmo assim, as limitações de orçamento e de efeitos da época acabaram cortando muito do potencial do personagem, fazendo as cenas de demonstração do poder bélico não serem tão efetivas. Aqui isso muda e, por mais que o design do próprio robô seja pior, sua performance é muito superior. Trocam o estilo meio sucateado de antes por um visual limpo, sem imperfeições e menos intimidador. Por outro lado, os efeitos atualizados da Era Heisei realmente cooperam com a efetividade do robô, que chega a dar uma das maiores surras que Godzilla já levou. Até mesmo Rodan tem um papel relevante nesse longa, emplacando uma rara aparição digna de nota de toda a franquia.
4. Godzilla vs. Biollante (1989)
Com um enredo baseado no roteiro vencedor de um concurso organizado pela Toho, “Godzilla vs. Biollante” traz de volta os embates monstro vs. monstro após 14 anos sem usar o modelo. Curiosamente, a produtora decidiu mudar um pouco a fórmula de seus filmes neste longa, dando aos espectadores algo diferente do conhecido antes de se tocar que monstros conhecidos e ação descerebrada são mais rentáveis. Há um trabalho mais dedicado em cima da trama, mostrando essencialmente uma história de ficção científica bem construída com os monstros num plano de fundo. Contrapondo outras obras da franquia, este fato não reflete uma sabotagem da ação entre monstros. Existem ótimas cenas de lutas que só pecam em serem curtas demais. De resto o que se vê é Godzilla enfrentando um monstro criativamente desenhado e igualmente bem utilizado, coisa que nem sempre acontece. Também está incluída uma entonação comum às obras de Terror lançadas na época, vista especialmente em elementos como a trilha sonora inspirada no trabalho de Harry Manfredini, compositor de séries como “Sexta-Feira 13”.
3. Godzilla: King of the Monsters (2019)
De tudo o que pode ser dito do “Godzilla” de 2014, uma coisa dificilmente é contestada: ele foi muito melhor que a versão de 1998. Mesmo assim, a maior e mais comum crítica tocava no tempo de tela do monstro do título. As pessoas pagam para ver um filme do Godzilla e esperam vê-lo, não uma história envolvendo militares e uma família separada pelas circunstâncias. Alguns consideravam isso um pecado imperdoável, outros nem tanto e todos esperavam algo diferente para a continuação. “Godzilla: King of the Monsters” entrega muito mais do que 10 minutos do Grande G e mais três outros monstros clássicos da Toho para dividir espaço com ele e criar as lutas que por muito tempo só existiam na imaginação do público. Efeitos especiais de última geração, representações fiéis ao design original e diversas sequências explorando o melhor que se pode esperar de um conflito entre Godzilla, Mothra, King Ghidorah, Rodan e outros monstros. Se não fossem alguns problemas menores, mas perceptíveis ainda assim, “Godzilla: King of the Monsters” poderia ter sido o melhor da série.
2. Godzilla vs. Destoroyah (1995)
Anunciado como o filme em que Godzilla morreria, “Godzilla vs. Destoroyah” encerra a Era Heisei em um momento alto da franquia. Executando muito bem praticamente tudo que foi bem feito na Era Heisei, este longa resgata elementos considerados esquecidos do primeiro “Gojira” e faz deles algo importante aqui, efetivamente fechando o ciclo onde tudo começou. Se há algo que a Era Heisei fez muito bem, isso foi reimaginar aspectos da Era Shōwa de uma maneira inteligente. Exemplo disso é o estúpido Minilla, que não só se parece muito pouco com seu pai, como também não serve para nada além de símbolo infantil apelativo. Ao longo da Era Heisei ele é melhor trabalhado e aqui chega a desempenhar um importante papel no desenvolvimento da trama. Ótimas cenas de ação, uma destruidora trilha sonora por Akira Ifukube e uma boa dose de momentos sentimentais são todos parte do sucesso do segundo melhor filme do Grande G.
1. Godzilla, Mothra, King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack (2001)
Finalmente chegamos ao melhor de todos os filmes do Rei dos Monstros. Pertencente a Era Millenium, este foi o filme que, de longe, fez o melhor uso das técnicas de computação gráfica em toda a série. Caracterizando Godzilla como a junção das almas que morreram na Segunda Guerra Mundial, o monstro volta a ser vilão da história por ser a encarnação vingativa daqueles que morreram pelas mãos do Japão. É bizarro, com certeza, mas de alguma forma isso não parece bobagem perto do que foi visto antes. Longe disso, essa dose de misticismo chega a funcionar bem na trama. Para proteger a Terra, alguns monstros são escolhidos como guardiões: Mothra, King Ghidorah e Baragon. Mais do que inverter alguns papéis, este film ilustra perfeitamente a destruição causada pelos monstros ao explorar também o ponto de vista humano. Melhor ainda, as batalhas entres os kaijus atingem aqui o ponto mais alto de toda a franquia, com efeitos especiais bem usados em cenas ainda melhor executadas. Virtualmente tudo aqui é tão bem feito quanto pode ser, fazendo deste o melhor Godzilla em mais de 60 Anos de História.
4 comments
Comecei lendo pensando “Que cara chato” e terminei com “É… Até que tem bom gosto” kk Apesar de eu não concordar com muita coisa, também concordo com muitas outras. Boa lista.
Mano, acho que eu colocaria final wars em 3 lugar e shin Godzilla em segundo, pq o final wars seria um dos piores? Ele tem todos os monstros mostrados, e king kong vs Godzilla(1962) eu botaria em 6 lugar, por mais que ele seja bobo, eu me divirto muito com o filme, é mais, esse filme é importante pq ele introduziu os monstros mais conhecidos lutando entre si, então acho que a sua opinião tá muito torta
Pois é. “Final Wars” tinha tudo pra ser um dos melhores e acho ele bem aquém do potencial. Foi mais genérico e solto que todos os outros da Era Millenium, na minha torta opinião. “King Kong vs Godzilla” eu não consigo defender, acho BEM fraco, mesmo sendo relativamente importante.
só existe um consenso em todas as listas: colocar All Monsters Attack na última posição.