Lançado como comemoração dos 50 Anos de Godzilla, “Godzilla: Final Wars” foi também anunciado pela Toho como o último Godzilla de todos, e com ele também se encerra a Era Millenium. Assim como “Destroy All Monsters“, outro filme que originalmente era para ter encerrado a franquia, este longa-metragem recebeu um belo aumento em seu orçamento, chegando a U$19.500, ao passo que outros filmes do mesmo período não passavam de U$12.000.
Outro ponto que esse filme tem de semelhança com “Destroy All Monsters” é a sua trama, que também coloca um alto número de monstros no holofote. A história se localiza em um futuro onde as guerras e a poluição do meio-ambiente causaram a criação de diversos monstros, todos eles já tendo feito ao menos uma aparição em alguma entrada da franquia. Para combater esses kaijus, uma organização é criada e equipada com os melhores equipamentos disponíveis, sendo composta por mutantes, pessoas com capacidades super-humanas, além dos humanos normais. Prendendo Godzilla logo no começo após muita luta, essa organização deve considerar soltar o Rei dos Monstros quando os Xillians, uma raça alienígena, invade a terra.
Para quem se lembra, os Xillians foram a raça alienígena invasora em “Invasion of Astro-Monster“, adicionando então mais uma referência ao repertório nostálgico do longa. Esse aspecto é uma das partes em que o filme acerta bastante, então muito dos filmes mais antigos é resgatado aqui através de referências ou aparições especiais. No total, 13 monstros são mostrados além do próprio Godzilla, superando os 10 monstros de “Destroy All Monsters“. Ao mesmo tempo que ter vários monstros é legal pelo valor nostálgico, conduzir bem a forma como eles são dispostos é mais legal ainda.
É justamente aí que uma das maiores falhas de “Godzilla: Final Wars” se encontra. Alguns podem enxergar o fato do filme ter várias lutas entre monstros como algo positivo, mas aqui isso é extremamente mal executado. As batalhas são extremamente rápidas e não há nada de especial em nenhuma delas, nem mesmo a batalha final contém algo de outro mundo como normalmente acontece em outras entradas. Pior do que isso é o corte rápido entre as sequências de luta, ainda mais quando se aguarda cerca de uma hora para Godzilla aparecer de verdade. Inserem toda essa espera para vomitar uma luta atrás da outra, efetivamente colocando 3 ou 4 lutas em um período de maios ou menos 10 minutos.
Para piorar a situação, gastam o orçamento da pior maneira possível, colocando diversas cenas com efeitos deploráveis quando colocados frente a qualquer filme da Década de 80 pra frente. Poderiam ter muito bem ter gasto o dinheiro aumentando a qualidade dos efeitos dos monstros em detrimento do número de efeitos desnecessários e do número de monstros apresentados. Ao invés de quatro batalhas e 6 monstros em 10 minutos, poderiam ter feito 2 batlhas contra 4 monstros e uma duração estendida para cada uma delas. Ao menos uma delas faz bem ao inserir Zilla, o Godzilla americano do filme de 1998, contra o Godzilla de verdade em uma batalha no mínimo risível quando vemos o fiasco que foi a produção americana.
Mas de nada adianta criticar o filme de 1998 quando este filme comete vários dos erros que fizeram a produção americana ser tão duramente criticada. O mais expressivo é o ridículo número de explosões implausíveis que aparecem na tela, que não são apenas um exagero como também se mostram visivelmente impossíveis. Por exemplo, um dos feixes de energia de um kaiju causa cerca de 8 explosões ao mesmo tempo em vez de apenas uma detonação concentrada. Também tentam criar um ambiente caótico com um combate entre veículos aéreos, porém a péssima condução de tais cenas monta apenas uma bagunça visual e uma cena horrorosa. Não sei como gastaram tanto dinheiro em porcaria, mas conseguiram deixar a parte visual desse filme uma das mais terríveis de toda a franquia.
Neste longa-metragem tentaram incluir muita coisa além da conta e a ambição acabou um pouco grande demais. Ao substituir as mais comuns cenas humanas por cenas de ação intensa, como perseguições e demonstrações de artes marciais, o diretor tenta adicionar algo novo à franquia; mas apenas falha miseravelmente ao fazer destas sequências exibições de pouca imaginação e de mau planejamento. Nem mesmo a trilha sonora se salva ao incluir diversas composições genéricas, que puxam mais para um som eletrônico que para as obras primas de Akira Ifukube. Em “Godzilla: Final Wars” muito se tenta e pouco se alcança, fazendo da despedida do Grande G japonês uma experiência bem frustrante. Devia ter esperado menos de um filme que, de acordo com o diretor: é como um álbum de “Best of” de um artista; uma composição dos melhores elementos do passado de Godzilla de uma maneira nova, motivo que faz diretor desgostar dos filmes novos, que não colocam esses mesmos elementos. Péssimo gosto.