Detentor do título mais comprido e mais ridículo de todos até o momento, “Giant Monsters All-Out Attack”, como chamarei o filme nessa análise, é o terceiro filme da Era Millenium. Reimaginando muitos das características clássicas dos personagens da franquia, este longa metragem é considerado pelos círculos de fãs como uma das melhores entradas de toda a franquia, além de se posicionar como o maior sucesso de bilheteria da terceira série de filmes do Grande G.
A trama envolve uma boa dose de misticismo em sua mistura, além do elemento fantasia que sempre esteve presente desde o primeiro filme da franquia… Isto é, considerando que ninguém considere que monstros gigantes possam existir, mas isso é outra história. Anos depois do ataque do primeiro Godzilla, outro surge atacando o país sem motivo aparente, causando destruição total por onde passa. Além do próprio Rei dos Monstros, outros monstros passam a aparecer em diferentes partes do Japão, que logo se revelam como Mothra, King Ghidorah e Baragon, monstros guardiões que voltam à atividade para proteger o Japão contra Godzilla.
Mais adiante é revelado que Godzilla é na verdade uma junção das almas de quem morreu na Segunda Guerra Mundial, principalmente aquelas que sofreram pelas mãos do Japão. Aqui o Rei dos Monstros está possivelmente em sua encarnação mais poderosa, passando por cima de qualquer exército, de qualquer monstro e de qualquer obstáculo sem sofrer um arranhão sequer. Do momento que o kaiju aparece em tela, sua frenesi começa e não para mais até o filme acabar, fazendo desse desta a obra mais orientada para o gênero Ação de toda a franquia.
Motivado por uma vingança pessoal, o kaiju é representado de maneira tão malévola que aqui temos a representação mais cretina de todas do Grande G. Ao contrário dos primeiros filmes e das obras da Era Heisei, onde o monstro era representado como uma força destrutiva da natureza e como um anti-herói, aqui temos ele como um vilão das patas à cabeça. Mais do que causar destruição por consequência de seu tamanho, aqui o monstro destrói tudo intencionalmente, explicitamente matando centenas de pessoas no processo. Como por exemplo uma cena onde vemos o monstro fingir ignorar um hospital ao passar por ele, apenas para destruí-lo completamente com sua cauda sem mais nem menos. Mais do que nunca, o Grande G mostra que dessa vez não está de brincadeira.
Aqui também temos as melhores cenas de destruição de toda a franquia, fazendo melhor que os ótimos efeitos da Era Heisei e melhor ainda que a destruição estilizada em preto e branco dos dois primeiros filmes da série. “Giant Monsters All-Out Attack” é uma experiência muito visual, a destruição é frequentemente mostrada de um ponto de vista humano, contrapondo as também ótimas explosões, vistas de longe sob uma perspectiva dos monstros. Esse ponto de vista diferenciado transforma toda a experiência de ver um filme de monstros gigantes em algo muito mais imersivo, pois mais do que uma explosão fantástica, o espectador vê telhados desabando, paredes virando pó e o próprio chão sendo partido em pedaços.
Não só de destruição impressionante esse filme é feito, as lutas entre os monstros mantém o nível altíssimo estabelecido pela Era Millenium, embora estrapole em alguns aspectos e suprima outros. Por um lado temos Mothra, Baragon e King Ghidorah retratados como os heróis da humanidade, fato incomum se considerarmos que Ghidorah sempre foi apontado como o arqui-inimigo de Godzilla; por outro lado, para compensar o número maior de monstros e para deixar o Rei dos Monstros parecer mais poderoso, temos uma redução dos poderes do trio herói, que acaba cortando um pouco da graça das batalhas em si. Ainda assim, as sequências são totalmente excelentes, contendo alguns clichês e momentos desnecessários, mas ainda assim tendo muito sucesso em manter o ritmo frenético estabelecido tão cedo no filme.
Mesmo com alguns momentos desnecessários colocados no meio do mar de ação que é “Godzilla, Mothra and King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack”, este longa acerta em virtualmente todos os pontos que um filme do Godzilla pode acertar. Dessa maneira posiciono ele como o melhor filme da franquia até o momento, superando até mesmo o excelente “Godzilla vs. Destoroyah“.