18. Guardians of the Galaxy Vol. 2 (Guardiões da Galáxia Vol. 2), 2017
Direção: James Gunn
A primeira é boa e a segunda não é melhor. “Guardians of the Galaxy Vol. 2” parece embriagar-se no sucesso do primeiro e se mostra desleixado na criação de uma continuação. O resultado acaba sendo uma reciclagem de elementos interessantes do passado sem a mesma união narrativa e outras idéias que funcionaram bem num primeiro momento. É aí que entra um tipo de paradoxo: ao mesmo tempo que “Guardians of the Galaxy” parece estar restrito aos moldes da fórmula Marvel, é justamente ela que falta na continuação. Ou algo como ela, não que ela fosse a única solução. Alguns temas, como família e amizade, são martelados e reforçados mecanicamente, enquanto o resto da obra parece revezar entre as canções populares fazendo aparição ocasional e um enredo evidentemente simplista. Existem alguns momentos muito bons no meio dessa bagunça, principalmente no quão longe se vai para fazer algumas piadas. Infelizmente, não é uma cena ou sequência engraçada que salva um filme com problemas de outra natureza.
17. Captain Marvel (Capitã Marvel), 2019
Direção: Anna Boden, Ryan Fleck
“Captain Marvel” não é um filme ruim, longe disso, mas também não é um filme muito bom. Se existe um bom representante para uma experiência decente e não mais do que isso, é este aqui. Como segundo carregador da tocha da expectativa infinita de “Infinity War“, não é grande coisa porque não parece estar particularmente preocupado em lidar com a ansiedade dos fãs depois do final chocante. Mas tudo bem, sua função principal não era outra além de introduzir uma personagem que viria a fazer parte do Universo a partir de “Endgame“. Essa tarefa é cumprida. Quanto ao nível de sucesso dessa mesma tarefa, isso é debatível. Como dito, não se trata de presença de fracasso, é apenas um sucesso modesto. As melhores partes são inesperadas também. O lado secundário, coadjuvante, brilha mais que o principal. Nick Fury, os coadjuvantes e as aventuras secundárias do enredo são mais interessantes que a própria protagonista e seus grandes momentos. Encontrar coisas boas em lugares incomuns não é ruim, pelo menos elas estão ali.
16. Ant-Man (Homem-Formiga), 2015
Direção: Peyton Reed
Esse é um caso peculiar. Muito se falou sobre a dança das cadeiras no cargo de diretor, de Edgar Wright estar atrelado ao projeto desde muito antes e eventualmente ceder sua posição para Peyton Reed. Poderia ser apenas uma curiosidade, uma polêmica de bastidores, mas é notável como essa ruptura no meio do caminho mostra sinais tão claros na produção. O roteiro continuou sendo o de Wright, ainda que com reescritas de Reed e outros três contribuidores, então parte de sua essência está no produto final junto com outras idéias que parecem tentar seguir nos mesmos passos sem o mesmo sucesso. Essa ruptura talvez seja o único deslize de um filme que poderia ter sido muito mais do que é. Francamente, é difícil não pensar que a Marvel errou feio em deixar passar a oportunidade de trabalhar com um diretor de personalidade para operar na segurança daquilo que já vinha fazendo há algum tempo. Outro caso das amarras limitarem o produto final, principalmente por elas se apresentarem como limitações de uma visão que não as abraçava desde o início. Seguir a fórmula não caracteriza um problema automaticamente, desde que não seja imposta ou usada como muleta.
15. The Incredible Hulk (O Incrível Hulk), 2008
Direção: Louis Leterrier
Esse é provavelmente o filme mais esquecido de todo o MCU. Veio na primeira leva, antes mesmo de existir uma denominação como “Fase 1” e nunca recebeu uma continuação. Aliás, a única confirmação foi de não haver planos para algo assim, o que deixa os espectadores para se contentar com as eventuais aparições do gigante esmeralda em filmes de equipe ou de outros heróis. E o pior de tudo é que esta segunda tentativa de fazer uma história sobre o Hulk não é ruim, ao menos é melhor que a tentativa de Ang Lee cinco anos antes. De fato tem alguns problemas de patinar nas mesmas idéias narrativas e às vezes se arrastar um pouco, mas não falha em impressionar quando o monstro aparece mesmo e rasga um veículo em dois pedaços para usar como se fosse um soco inglês improvisado, ou ainda quando ele simplesmente chuta a cara de um oponente humano ousado quando este o desafia de frente. Selvageria e brutalidade estão ambos aqui, elementos que estão em casa se tratando do Hulk.
14. Ant-Man and the Wasp (Homem-Formiga e a Vespa), 2018
Direção: Peyton Reed
Poderia ser o retorno de Edgar Wright ao MCU depois de um começo turbulento, mas não. Também poderia ser uma repetição de todos os trechos menos criativos do primeiro, resultando em uma experiência que nem pode ser gabar de algumas idéias boas, mas também não é. Colocar “Ant-Man and the Wasp” nas mãos do que poderia ser considerado um diretor de menor calibre pode parecer como uma idéia ruim e, felizmente, é uma noção falsa. Esta continuação é um bom exemplo de receitinha padrão, desde as piadas até a estrutura do roteiro e a presença de uma vilã completamente descartável, só não chegando no mesmo nível de Kaecilius e outros piores. Mas pelo menos a fórmula foi integrada desde o começo, sem que tenha entrado para limitar ou deformar outra idéia original e colocá-la nos conformes. Assim, o filme parece respirar melhor e ter mais espaço para brilhar sob o comando de uma voz só, mostrando que Peyton Reed assumir plenamente a direção não é algo problemático como poderia se ter pensado inicialmente.
13. Captain America: The First Avenger (Capitão América: O Primeiro Vingador), 2011
Direção: Joe Johnston
Outra injustiça vinda da Fase 1. Tirando “The Avengers“, “Captain America: The First Avenger” é o melhor filme de sua fase. Todos os requisitos para uma história de origem encontram-se presentes sem necessariamente seguir o modelo conhecido e repetido tantíssimas vezes. Claro, também não é o ápice da originalidade narrativa na introdução de um herói. Trata-se de uma história ambientada na Segunda Guerra Mundial, nada menos, algo que já constitui um elemento narrativo a mais para aquilo que poderia ser encarado como apenas mais uma demonstração de obtenção de poderes seguida da demonstração deles. Tanto é que chega a se criar uma vontade grande de ver mais o Capitão em ação na guerra do que acaba sendo mostrado em cenas curtas ou montagens de pequenos trechos de várias missões. Não significa que o resto do conteúdo é ruim, mesmo porque é nele que se encontra um dos melhores vilões do MCU inteiro, o Caveira Vermelha.
12. Spider-Man: Far from Home (Homem-Aranha: Longe de Casa), 2019
Direção: Jon Watts
Ainda que não tão bom quanto a estréia do cabeça de teia no Universo Marvel, sua segunda aventura traz vários dos elementos que funcionaram inicialmente e também em outros filmes do MCU. O drama adolescente retorna e domina uma boa parte do filme conforme Peter enfrenta o eterno problema de ter uma vida dupla: ele não sabe escolher entre ser herói e ser um rapaz de sua idade. Parece decente, mas esta é a pior parte da experiência por frequentemente bater na mesma tecla sem levar a idéia para frente. Assim, apenas se aumenta a intensidade sem progressão alguma. Felizmente, todo o resto se mostra muito mais interessante, começando pelo vilão Mysterio. Novamente um antagonista bem trabalhado e bem interpretado surge, um feito raro no Universo Marvel e seu rol de vilões descartáveis. Há mais do que os os olhos sugerem no personagem de Jake Gyllenhaal e todo o potencial que poderia se esperar dele vem à tona, inclusive em uma cena pós-créditos que deixa as apostas ridiculamente altas para um terceiro filme.
11. Avengers: Age of Ultron (Vingadores: Era de Ultron), 2015
Direção: Joss Whedon
Chega a ser bizarro como a segunda aventura dos Vingadores costuma ser criticada e jogada para as posições mais baixas das listas. As críticas costumam girar em torno das piadas tornadas intrusivas na história, chegando ao ponto do próprio Ultron fazer piadas ou comentários sarcásticos como seu criador, Tony Stark, em vez de todo o discurso frio e metódico de um robô que busca o fim de toda a humanidade. Até mesmo Thor passa a tentar ser engraçado, o que se mostra um presságio infeliz. Ademais, uma subtrama estranha surge sobre um suposto romance do Hulk com a Viúva Negra. Pontos válidos, sim, mas que não afetam a experiência em um nível crítico. Todo o resto, da abertura em plano sequência ao duelo entre Hulk e a Hulkbuster, é feito momentos de êxtase pura num filme de herói em equipe, não deixando nada a desejar em comparação com seu predecessor. Se não fossem esses detalhes, os quais realmente não são passíveis de serem ignorados, a continuação poderia ter superado o original em qualidade, ainda que não em impacto.
10. Iron Man (Homem de Ferro), 2008
Direção: Jon Favreau
Aquele que começou tudo. Pode não ser o melhor de todos, porém foi um esforço bem-sucedido o bastante para alavancar um universo que passaria 20 filmes ao longo dos anos. Não se tratava mais de fazer continuações no sentido clássico do termo de criar uma nova aventura ou dar continuidade a uma que não foi completamente acabada antes, o MCU criou um universo compartilhado entre vários filmes que quase nunca haviam uma ligação narrativa direta. Qual a ligação entre a trama de “Iron Man” e “Thor“? Nenhuma direta, apenas uma idéia de juntar os dois heróis numa mesma equipe. A estréia desse primeiro elemento de um projeto ambicioso tem muito daquilo que viria a se tornar quase uma regra, uma convenção forte para outras obras posteriores, e não é à toa. Quando o protagonista consegue fazer a figura de um super-herói soar menos espalhafatosa e fantástica para adotar uma postura informal e acessível, não é para menos que outras produções tenham seguido nos mesmos passos. Só é uma pena que as continuações de “Iron Man” não tenham conseguido manter o nível do primeiro, enquanto a fórmula manteve-se viva com outros heróis.