9. Guardians of the Galaxy (Guardiões da Galáxia), 2014
Direção: James Gunn
“Guardians of the Galaxy” foi um misto de emoções num primeiro momento. Ao sair do cinema, era impossível cogitar criticar o estilo do filme. Enquanto outras obras tocariam uma trilha genérica e facilmente esquecível, esta começa com “Come and Get Your Love” do Redbone enquanto um dos personagens principais faz umas palhaçadas num planeta alienígena. Aliás, quem são esses personagens mesmo? Um bando de heróis desconhecidos ganhando uma produção de U$200 milhões do nada? Talvez por justamente ser uma equipe acompanhada de pouca expectativa muito pôde ser feito para afrouxar um pouco os moldes. No final das contas, tirando todo o estilo e a perfumaria, a fórmula ainda está ali. Independentemente disso, essas adições fazem a diferença e tornam “Guardians of the Galaxy” uma das experiências mais inesperadamente divertidas de todo o MCU. Alguns problemas existem por conta do tom leve trazer levianidade de enredo, citando um exemplo, porém o que se leva para casa e fica marcado na memória sem dúvida é a parte positiva.
8. Captain America: The Winter Soldier (Capitão América 2: O Soldado Invernal), 2014
Direção: Anthony Russo, Joe Russo
Aqui a lista começa a ficar um pouco mais óbvia. Em qualquer ranking dos filmes do Universo Cinematográfico Marvel é muito comum encontrar “Captain America: The Winter Soldier” nas primeiras posições, às vezes até na primeira. Este também foi um filme relativamente inesperado vindo da fábrica de idéias por não ser tanto um filme de herói e estar mais para uma história de espião estrelando o Capitão América, a Viúva Negra e a HYDRA, com elementos típicos do sub-gênero de heróis entrando no lugar daquilo que seriam tiroteios, perseguições e demonstrações de apetrechos a la James Bond. Não diria que é um casamento perfeito entre o melhor de dois mundos, a ação espetacular de “The Avengers” unida à inteligência de “From Russia with Love”, por exemplo. Existem limitações em ambos os lados, o que não impede que o produto resultante dessas origens diversas faça mais que o bastante para dar uma chacoalhada no modelo que já neste ponto começava a mostrar sinais de cansaço — e curiosamente continua de pé mais de cinco anos depois.
7. Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings (Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis), 2021
Direção: Destin Daniel Cretton
Ninguém esperava que isso fosse bom. Naturalmente, quanto mais perto do lançamento, mais as pessoas pensavam que seria descartável como “Black Widow“, seu predecessor. Até porque era um herói desconhecido, bastante desconhecido, e o hype construído em torno do lançamento não foi dos melhores. Por isso que parece mais impressionante como toda essa pré-concepção mudou rápido conforme as primeiras impressões saíam e falavam muito bem do longa. Foi uma reviravolta orgânica, se pode ser chamada assim. As pessoas deram uma chance apesar da falta de popularidade do personagem, acreditaram nas opiniões do boca-a-boca e logo “Shang-Chi” se tornou uma das maiores bilheterias do ano, superando os outros dois predecessores do MCU lançados antes. Surpresa define bem esse filme de artes marciais de boas coreografias, ambientes criativamente dinâmicos e pouquíssimos deslizes. Nunca diria que a Marvel faria um filme do Mestre do Kung-Fu, muito menos faria um tão bom quanto esse.
6. Spider-Man: Homecoming (Homem-Aranha: De Volta ao Lar), 2017
Direção: Jon Watts
Um dos grandes desejos dos fãs do MCU sempre foi imaginar como seriam as coisas se a Fox, a Sony e outras produtoras não tivessem os direitos de heróis como os X-Men, Quarteto Fantástico e, é claro, o amigão da vizinhança Homem-Aranha. Depois de três filmes que marcaram época em seu tempo por mostrar o aracnídeo em ação para além dos desenhos animados e da bizarra série japonesa, a Sony acabou recontando as mesmas histórias para não perder os direitos. Ver o cabeça de teia no Universo Cinematográfico Marvel parecia um sonho distante, então é de se imaginar o impacto da notícia de que a Marvel havia negociado a participação do herói com a Sony. E, bem, toma-se a decisão inteligente de não repetir erros e contar a mesma origem pela terceira vez. “Spider-Man: Homecoming” assume que o espectador já sabe do básico e dedica-se a um outro lado inexplorado pelos cinco filmes prévios da Sony: como é complicado ser herói quando há um adolescente que mal sabe ser gente por trás da máscara. Somando isso à aparição pouco comum de um vilão bem escrito na jornada do protagonista e a um elenco coadjuvante carismático em maior parte, o resultado não poderia ser menos que uma das melhores aventuras do herói.
5. Spider-Man: No Way Home (Homem-Aranha: Sem Volta para Casa), 2021
Direção: Jon Watts
Muito se falou desse filme. Até demais. Dessa lista inteira, poucos geraram tanto assunto para conversa quanto “Spider-Man: No Way Home”, com as exceções sendo “Infinity War” e “Endgame“. Seria difícil não palpitar sobre o futuro do herói depois do final bombástico do anterior,”Far From Home”, em que sua identidade secreta é revelada para todo o mundo por Mysterio e J. Jonah Jameson. Usaram o calcanhar de Aquiles de qualquer herói mascarado sem aviso, algo que até então não tinha sido explorado em outros trabalhos. Seria uma mistura de “Guerra Civil” com “Um Dia a Mais” e “Um Momento no Tempo”? Os rumores seriam verdade ou apenas balela de fã iludido? “No Way Home” satisfaz em praticamente todas suas propostas e não desperdiça o potencial de sua ambiciosa proposta, conclui a primeira trilogia de Tom Holland e entrega o melhor filme do Aranha até o momento.
4. The Avengers (Os Vingadores), 2012
Direção: Joss Whedon
Inicialmente, tudo caminhou para isso. Ainda num tempo em que filmes de heróis eram apenas filmes de heróis e o máximo de expansão que se via eram continuações ou spin-offs, a Marvel Studios pensou mais longe. Sua idéia era pegar aquele filme do Capitão América com aquele filme do Thor e o outro do Homem de Ferro e unir em uma coisa só. Mais do que isso, unir num filme só. “The Avengers” é o primeiro resultado dessa ambiciosa idéia construída ao longo de 4 anos e 6 filmes envolvendo 6 heróis numa mesma missão. Vendo por um lado objetivo, é apenas mais uma história de invasão planetária; em contrapartida, é tão mais do que isso. Não só porque é possível fazer muito com um conceito simples mas também porque a obra consegue transmitir a importância sentimental de uma idéia e canalizar a expectativa do público em uma mesma obra. É a sinergia de dois pólos em comunicação plena, que seriam menos se existissem sem o outro. Ação de qualidade e as qualidades esperadas de sempre por si têm seus méritos, porém é tão melhor quando isso é associado a um sentimento de empolgação nutrido e fortalecido ao longo dos anos.
3. Avengers: Endgame (Vingadores: Ultimato), 2019
Direção: Anthony Russo, Joe Russo
E é claro que depois de tudo caminhar em direção a “The Avengers“, tudo caminhou em direção a “Avengers: Endgame”. Vendo que deu certo a idéia de alimentar em doses controladas as expectativas para um grande evento, a Marvel Studios não perdeu tempo em repetir o conceito com um evento ainda maior. Aliás, houve confiança o bastante a ponto do primeiro “Vingadores” já dar um sinal de que era apenas um evento menor no grande esquema das coisas. “Avengers: Endgame” tinha tudo para ser o melhor filme da Marvel de todos os tempos, com boa chance de permanecer imbatível pelo menos pelos próximos 10 anos. Uma parte dele é realmente tudo o que poderia e deveria ser, a conclusão satisfatória não só para a história iniciada em “Infinity War” mas também da conclusão da jornada de alguns heróis que iniciaram todo esse grande projeto muitos anos antes. A outra parte infelizmente se perde um pouco justamente no que se trata da ponte com o predecessor, de dar continuidade aos sentimentos deixados no ar previamente e manter uma corrente íntegra até o momento em que não se pode mais pensar em críticas porque problemas não existem. Por mais que não seja o melhor, pelo menos é o mais marcante deste universo, certamente.
2. Captain America: Civil War (Capitão América: Guerra Civil), 2016
Direção: Anthony Russo, Joe Russo
“Captain America: Civil War” surgiu num momento muitíssimo oportuno para o Universo Cinematográfico Marvel. Mais ou menos nessa época, parecia que a qualidade dos filmes havia estagnado e mostrado sinais de cansaço, como se o melhor já houvesse sido visto antes e o resto fosse apenas uma série de continuações que nem pareciam mais estar juntando peças para a tal Saga do Infinito. E o subtítulo também não ajudava. Usou-se também o nome de umas sagas mais populares da recente história da Marvel nos quadrinhos, porém já se sabia de antemão que nem metade dos heróis estaria envolvida na briga. Qual a graça, então? Bem, acontece que a decisão de emprestar o título é apenas uma jogada de marketing e uma desculpa para uma briga de média escala que nem por isso decepciona, pelo contrário, introduz dois grandes personagens e intensifica aquilo que foi apenas uma faísca de conflito interno antes da batalha de Nova York em “The Avengers“. Um roteiro que caminha por si e conserta um problema recorrente de dosagem de humor, ação bem dirigida, um enredo de maior complexidade que de costume e um sentimento de consequência duradoura constroem uma experiência bem melhor do que se esperava inicialmente. O espectador quase esquece de que é o mais perto de uma adaptação de “Guerra Civil” que chegará no cinema.
1. Avengers: Infinity War (Vingadores: Guerra Infinita), 2018
Direção: Anthony Russo, Joe Russo
Falando em consequência definitiva, “Infinity War” é outro que gerou muita insegurança antes de seu lançamento quando foi dito que seria um filme dividido em duas partes. Imediatamente se lembrou das vezes em que isso aconteceu antes e em como não foi uma idéia das melhores em termos de narrativa, funcionando talvez apenas para os gananciosos embolsarem mais dinheiro. Mas não. “Endgame” só tem a importância que tem, só teve a antecipação absurda e os recordes de bilheteria porque algo despertou sentimentos fortes, algo mais do que 10 anos de pistas soltas aqui e ali nos vários filmes desse período. “Infinity War” é um filme ousado, sem medo de tocar naquilo que parece ser uma falha generalizada dos quadrinhos em geral: criar mudanças verdadeiramente definitivas no universo. Sendo adaptação de uma mídia que nunca deixa seus personagens quietos por muito tempo para manter as vendas em pé, não se poderia esperar algo definitivo e final, é claro que viriam outros filmes tentando ganhar mais dinheiro no futuro. Então por mais que fosse sabido que vários dos eventos aqui seriam retificados de alguma forma no futuro, esta é uma história com começo, meio e fim, que poderia viver sem uma continuação e ainda assim teria um ar de conclusão. No esquema geral do Universo Cinematográfico Marvel, é como uma mentirinha contada antes da verdade surgir na sequência, mas que tal uma mentira bem contada como essa para abalar as estruturas do espectador?