Parte da Fase 2 do Universo Cinematográfico Marvel, este foi um dos dois filmes lançados em 2014 pela Marvel, junto com “Guardiões da Galáxia“. Com um foco mais direcionado no realismo e na espionagem, este filme toma como inspiração o arco de história em quadrinhos homônimo, além de uma série de obras de ficção envolvendo conspiração. Após o sucesso estrondoso de bilheteria e a recepção positiva da crítica, uma continuação chamada “Capitain America: Civil War” foi anunciada com lançamento para o dia 6 de Maio de 2016.
Continuando os eventos de “Os Vingadores”, Steve Rogers (Chris Evans) passa a trabalhar para a S.H.I.E.L.D. regularmente, ao mesmo tempo que tenta se ajustar ao novo mundo em que se encontra. No que parece ser apenas mais um trabalho rotineiro, o Capitão acaba se descontentando com os métodos adotados por Nick Fury (Samuel L. Jackson), metodologia esta que se difere muito do que era visto na década de 40 e traz à tona uma série de dúvidas em relação a quem confiar. Logo mais, Fury em pessoa se vê envolvido em uma rede de mentiras que pode ser mais abrangente que qualquer um poderia imaginar. Resta ao Capitão América e a Viúva Negra (Scarlett Johansson) descobrir a fonte dessas falácias e acabar com elas de uma vez por todas.
Enquanto me considero entusiasta de história em quadrinhos e todo tipo de mídia relacionada à elas, não necessariamente acho que os filmes de super-herói são deuses na terra por simplesmente retratarem meus heróis preferidos em grandes produções. Este longa-metragem, por outro lado, mostra-se extremamente competente em muitos dos aspectos que se propõe, exibindo-se como destaque dentre as 10 produções da Marvel lançadas até hoje. Com influências claras de filmes de espionagem modernos e clássicos, esta obra puxa bem mais para o lado de filmes do mencionado gênero que as entradas prévias do Universo Marvel. Enquanto a grande maioria pode ser classificada simplesmente como filmes de ação, esta produção mostra uma entonação mais direcionada, que é refletida na trama diferenciada e notavelmente superior aos filmes prévios. Melhor trabalhada e incorporada na estrutura do filme, a trama planta bem suas raízes ao mostrar influência direta sobre o desenvolvimento dos personagens. Mesmo que este desenvolvimento seja um tanto raso, já é um fato a se comemorar por ser um avanço em comparação com os padrões dos outros filmes.
Em relação à retratação dos personagens na telona, houve uma melhora significativa nesse aspecto. Ao introduzir um uniforme novo, aprimoram significantemente o uniforme terrível do Capitão visto em “The Avengers”. Além disso, fazem ainda melhor mais tarde no filme ao trazer de volta o traje totalmente excelente do primeiro filme. Ao adotar esta pegada relativamente realista, algumas cenas que ficariam bizarras se analisadas com um olho mais crítico são evitadas. Cenas desse tipo incluem retratar Steve Rogers e Natasha Romanoff andando por aí uniformizados o tempo todo, ainda mais quando os mesmos estão sendo perseguidos. Obviamente, este realismo é aplicado de maneira bem seletiva por se tratar de um filme de super-herói, pois não importa onde o Capitão arremesse seu escudo, a física é inexistente para ele de qualquer jeito.
No que se refere a ação do filme, que querendo ou não ainda é fonte de onde a obra mais bebe, ela é bem executada em sua grande parte e previsível em uma proporção menor. A maioria das sequências são bem montadas ao explorarem bem a capacidade dos poderes do Capitão América. Ver o Capitão se colocando no limite enquanto desce a mão em diversos facínoras é interessante, e mais ainda quando o mencionado Soldado Invernal entra em jogo. Um oponente parecido com Rogers e poderes similares apimenta bem as cenas de ação ao possuir uma característica marcante para Rogers, mas que prefiro não mencionar para não estragar a surpresa de ninguém. O problema está na falta de criatividade em algumas dessas mencionadas sequências, que bem antes do tempo se mostram óbvias demais em relação ao que vai acontecer em seguida. Exemplo disso é aquela clássica cena em que o protagonista aparentemente derrota todos os inimigos do ambiente, mas um acaba passando despercebido e rende o herói, mas logo é abatido pela cavalaria que convenientemente chegou em cima da hora.
Mesmo sendo óbvio demais em alguns pontos da história e em suas sequências de ação, “Captain America: The Winter Soldier” tem momentos eletrizantes o bastante para prender a atenção do espectador. Além do mais, o longa-metragem mostra uma certa evolução em comparação ao seus predecessores quando inclui uma tonalidade puxada para algo além da própria ação; sem contar a integração dessa entonação com o desenvolvimento dos personagens, que mesmo sutil está presente.