Considerado por Kubrick como seu primeiro filme maduro, este longa metragem é considerado por muitos críticos e especialistas em cinema como uma das obras mais importantes para a carreira do diretor. Mostrando o potencial do cineasta aos olhos certos de Hollywood, “The Killing” brilhou nos olhos da crítica e chamou a atenção de uma figura importante da MGM, que ofereceu ao cineasta financiamento pela produção, direção e ciração de um novo filme, “Paths of Glory” de 1957. Por mais que o sucesso tenha sido encontrado na crítica e na recepção geral, o longa falhou em gerar lucro, dando U$130.000 de prejuízo aos envolvidos.
Há pouco para se falar da trama, pois a mesma é simples de começo e não vai muito longe dos limites estabelecidos inicialmente. Johnny Clay (Sterling Hayden), um criminoso veterano, planeja um último e recompensador trabalho antes de se aposentar e se casar com sua esposa. O plano é roubar o dinheiro de uma casa de apostas em um Hipódromo, e para isso Clay conta com o auxílio de uma série de maus elementos.
Como dito, o filme se limita fortemente ao que é apresentado pela sinopse, não há muito desenvolvimento de enredo fora do que é inicialmente proposto. O que vemos de começo é o planejamento do golpe, como a idéia amadurece e como as peças vão se colocando no lugar até que a ação comece. Logo adiante, o esquema é posto em ação e vemos como o que foi planejado e discutido é colocado em prática. Após os eventos relevantes acontecerem, as consequências do ato são exibidas. Dos cinco ou seis personagens principais envolvidos, apenas dois são explorados um pouco mais a fundo, apenas reafirmando o foco do longa-metragem em cima da trama. Claro que a trama em si se desenvolve, pois caso contrário a tela congelaria a partir do momento que a sinopse não cobrisse mais os eventos retratados; mas de modo geral esta é uma obra bem direta ao ponto, não tanto no sentido de ser sucinta e livre de fillers, mas sim de não se expandir e abordar outros arcos de história.
Creio que seja até mesmo válido dizer que o protagonista é até menos protagonista que os outros considerados coadjuvantes, pois seu tempo de tela possui pouca diferença quando posto em comparação, sem contar que o número de sequências que desenvolvam seu personagem são quase nulas. As únicas cenas contendo desenvolvimento da tridimensionalidade dos personagens são claramente colocadas para que o progresso da história se dê de maneira mais clara. Ao menos tais cenas retratam bem a personalidade dos envolvidos, como se relacionam, e como tal características exibidas podem interferir na trama.
Por outro lado, nos aspectos que este longa dispõe mais dedicação pode se notar um cuidado bem característico de obras futuras de Kubrick. Por mais que a história seja baseada em um livro, o ótimo manuseio da história pelo roteiro é bem notável. Pelo foco ser bem forte na trama, o pouco apresentado é posto de forma perfeitamente clara no final das contas, sem que nada fique com uma interrogação flutuante em cima de si. A forma como o ótimo diálogo suplementa o entendimento dos esquemas envolvidos no roubo é muito apreciável, mesmo que pareça apenas parte de um processo linear.
O grande problema de “The Killing” está justamente na limitação na exploração de alguns elementos, que caso aplicados poderiam ter feito boas coisas pelo produto final. Não quero analisar o filme por algo que ele não é, mas analisando o filme da maneira como ele é entregue, ele parece moderado demais. A obra faz bem o que faz, mas o mesmo manuseio que facilita o entendimento da trama age contra-produtivamente ao produzir um efeito meio sistemático na forma de apresentar a sutileza tão frequente no gênero Noir.