O terceiro filme do universo de Babylon 5 se saiu um pouco melhor com os fãs que seu predecessor, “Babylon 5: The Gathering“, que é tido como uma introdução abaixo do que a série oferece. Um desses pontos positivos é o ar cinematográfico superior ao baixo orçamento mais aparente visto antes. “Babylon 5: Thirdspace” ainda não agrada a todos, contudo. Uns elogiaram, outros acharam passável. Já eu acho que no geral é melhor que o filme-piloto, mas ainda é uma experiência limitada; uma típica aventura envolvendo a estação espacial e seus habitantes. Lembrando que este texto contém spoilers até o Episódio 8 da 4ª Temporada, como indicado no Lurker’s Guide to Babylon 5. (Link)
Após o fim da Guerra das Sombras e da partida das raças antigas — Vorlons, Sombras e outras — para além dos limites da galáxia, as raças mais jovens encontram-se sozinhas pela primeira vez. A Terceira Era da Humanidade, mencionada na abertura do seriado, tem início e uma nova aventura surge em Babylon 5, mal dando tempo para todos respirarem. Voltando de uma missão, a comandante Ivanova (Claudia Christian) encontra um objeto bizarro no hiperespaço: um artefato gigantesco datando de milhares de anos atrás. Não demora para os interessados em seu potencial aparecerem, incluindo uma ambiciosa arqueóloga. O que ninguém sabe é que este obelisco influencia mentes e pode colocar todos em risco.
Os primeiros momentos de “Babylon 5: Thirdspace” já mostram que o nível de produção é maior do que o visto no primeiro filme e até da própria série. Os créditos iniciais com a narração de John Sheridan (Bruce Boxleitner) introduzindo os eventos dão uma boa idéia disso. O resto não decepciona. Não é um salto absurdo por motivos óbvios — ainda é um filme para televisão que não pode destoar do material original — mas os benefícios de direção e fotografia mostram seus frutos. Não só estes dois, a trilha sonora também está em boa forma, trabalhando em perfeita sintonia com os elementos mencionados para estabelecer o clima de fantasia da história. Até mesmo os polêmicos efeitos especiais ganham uma atualizada que os traz mais perto dos padrões atuais, ainda que não muito.
As batalhas espaciais são um pouco diferentes do que foi visto até este ponto e estão facilmente entre as melhores do seriado. A lógica continua a mesma: uma das primeiras cenas mostra Ivanova perseguindo um esquadrão de saqueadores. O que torna tudo mais interessante, entretanto, é o modo como a direção captura eventos supostamente comuns como este. Ângulos novos valorizam tanto a ação quanto os efeitos e criam sequências realmente excitantes. Fica ainda melhor quando a escala do conflito aumenta e uma grande batalha surge. Já quando “Babylon 5: Thirdspace” coloca os pés no chão cabe à iluminação e à trilha sonora criar a atmosfera de bizarrice das alucinações de Lyta Alexander (Patricia Tallman) e de outros habitantes da estação. Dá para dizer que o resultado não só evita o ridículo como também deve ser elogiado por funcionar tão bem. E lógico, o filme fica ainda mais divertido quando a loucura sai do mental para o físico, trazendo o caos para a estação em forma de destruição e porrada gratuita.
Bizarrice, ação e destruição são todos pontos bem cuidados em “Babylon 5: Thirdspace”. que deixa para pecar justamente na história. Não esperava nem queria desenvolvimento de personagem. O que também seria impossível considerando que este longa foi lançado enquanto a 5ª temporada passava e se localiza cronologicamente no meio da 4ª temporada. Os roteiristas teriam de dar um belo rodeio para fazer isso funcionar. A proposta aqui é ser uma história fechada de 94 minutos. O problema é que arcos tão bem fechados simplesmente não combinam com “Babylon 5”. Sim, problemas são frequentemente apresentados e resolvidos no mesmo episódio — o famoso caso da semana — porém os arcos realmente importantes se desenvolvem ao longo de temporadas inteiras. Isso limita a relevância da história dentro do próprio universo. Os eventos realmente fazem a diferença ou a escala épica é apenas enfeite? De qualquer forma, o formato não deveria impedir a história de ser bem sucedida por si. As coisas se escalam, batalhas espaciais ficam maiores, o caos se instala e a conclusão simplesmente deixa a desejar. Francamente, não há como não se decepcionar quando o roteiro cria uma cena cheia de cerimônia para dar ao protagonista a solução do problema e depois revela que o grande segredo era apenas simples.
Devo dizer que esperava um pouco mais de “Babylon 5: Thirdspace”, ainda que o resultado final não tenha sido negativo. A história conecta-se com o legado deixado pelos Vorlons depois de sua partida e traz a raça de volta sem o fazer literalmente, um toque legal, embora não tenha nenhum grande impacto no geral. A introdução e desenvolvimento são ambos de extremo bom gosto e contam ainda com uma sólida execução técnica, faltou apenas um ponto final no mesmo nível.