Após estrondoso sucesso de bilheteria em 2012 com “The Avengers”, não houve hesitação por parte da Marvel em continuar sua empreitada. Chegando a influenciar seus concorrentes a melhorar o nível de qualidade de seus filmes de herói, a produtora lançou uma onda de obras do gênero, com lançamentos planejados tão longe quanto 2019. Seguindo na mesma linha do primeiro filme, este longa-metragem abre um pouco os horizontes ao introduzir novos personagens, mas finalmente não deixa de ser um filme da Marvel em sua essência.
Seguindo mais diretamente os eventos de “Captain America: The Winter Soldier“, e de maneira mais solta os de “Guardians of the Galaxy“, este filme continua com o resultado da queda da S.H.I.E.L.D. e a caça aos membros da Hidra. Em busca do cetro de Loki, os Vingadores acabam o localizando na posse de Strucker em uma base na Sokovia. Após recuperá-lo, Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Bruce Banner (Mark Ruffalo) trabalham em uma inteligência artificial contida no artefato, integrando a mesma em um projeto de Stark chamado Ultron. Projetado como um modelo de inteligência artificial feito para proteger a Terra, Ultron adquire por si a crença que a única maneira de salvar o mundo é exterminando a humanidade e os Vingadores junto. Assim começa a épica batalha da equipe de super-heróis mais poderosa do mundo contra uma criação feita para supostamente facilitar seu trabalho como defensores do planeta.
Não sei se foi o efeito “Guardiões da Galáxia“, que desde o começo foi apresentado com uma veia mais puxada para a comédia, mas Joss Whedon certamente passou dos limites no fator piadinhas infames. Quem disser que o primeiro filme já continha tais momentos cômicos estará mais que correto, porém quando literalmente todos os personagens mostram ter um lado Eddie Murphy, algo está definitivamente errado. Cruzes, até mesmo o piloto de Nick Fury (Samuel L. Jackson) tem seus 30 segundos de Groucho Marx. O problema em questão não é a sátira em si, não lhes falta qualidade e quando se exibem ruins é de propósito, mas sim a quantidade e a frequência. Por um lado, o humor se encaixa perfeitamente, como quando executado pelo já bem estabelecido alívio cômico conhecido como Homem de Ferro; já em contrapartida se tem o homem das cavernas chamado Thor (Chris Hemsworth) tirando sarro de situações e até tentando ser engraçado, o que infelizmente não encaixa tão bem.
Apesar das eventuais gracinhas completamente fora do lugar, este filme entrega o que a maioria tanto esperava de um filme da Marvel: ação desenfreada e totalmente alucinante. Para a alegria de quem queria isso mais que tudo, ação é o que mais se encontra aqui e sua qualidade é do nível mais alto. Não são poupados esforços na criação de cenas criativas, variadas, e intensas para tirar o espectador de seu banco enquanto o mesmo vê seus quadrinhos favoritos ganhando vida. Os poderes, por sua vez, são criativamente usados em coreografias complexas e bem executadas; onde até mesmo heróis com poderes menos interessantes, como o Capitão América (Chris Evans), conseguem ocasionalmente tirar a foco de ladrões de cena como o Hulk. Outro aspecto interessante de tais sequências de ação, além dos heróis e seus poderes, é o uso interessante do cenário e de objetos comuns do cotidiano para incrementá-las.
Jatos tecnológicos, carros, caminhões, aero-porta-aviões, e até mesmo uma Harley-Davidson elétrica são empregados para tornar a ação desta obra algo tão explosivo quanto os trailers sugeriram. No que se refere a este aspecto, realmente não existem reclamações. O único detalhe é que quando “Avengers: Age of Ultron” tenta ser qualquer outra coisa mais que um filme de ação pipoca, este nem sempre acerta. Ao introduzir um personagem que manipula mentes, pode-se notar uma tentativa de humanização dos super-heróis, o que a princípio é uma idéia interessante mas acaba sendo inconsistente por vezes. O exemplo mais claro disso pode ser visto no vínculo que tentam estabelecer entre o Hulk e a Viúva Negra (Scarlett Johansson), onde logo após uma tempestade de explosões inserem um momento sentimental entre os dois sem mais nem menos, deixando a explicação para depois. Caso tivessem decidido introduzir o conceito para depois trabalhá-lo, quem sabe a cena não se exibisse tão anti-climática como foi.
No fim de tudo, Vingadores continua sendo Vingadores e nada mais que sempre foi: um ótimo filme pipoca, distribuindo entretenimento criativamente através de boas cenas de ação. Mesmo fazendo o que faz bem, o humor se exibe mais frequentemente do que o espectador pode gostar. O que me leva a pensar como alguém sentiria falta do Homem-Aranha neste filme, como ouvi em comentários da audiência. Sinceramente, sendo um dos heróis famosos por suas piadas infames, acredito que se não regularem as gracinhas nos próximos filmes, já podem antecipar a contratação de Adam Sandler para completar o pacote.