Após a viagem aleatoriamente psicodélica que foi o último filme da franquia, “Godzilla vs. Hedorah“, o produtor da série quis levar “Godzilla vs. Gigan” de volta para suas raízes. Traduzindo melhor, ele quis dizer que monstros tradicionais e uma trama com invasão alienígena estariam de volta. Pelo menos algo que passe completamente longe da loucura sem sentido do predecessor. Este longa também marcou o último trabalho de Haruo Nakajima, o homem que usou a fantasia de Godzilla. Ao longo 18 anos Nakajima incorporou o kaiju mais famoso de todos os tempos, interpretando o personagem desde o primeiro filme de 1954.
O enredo segue a moda da invasão alienígena com monstros vindo espaço estabelecida por “Invasion of Astro-Monster“. Novamente uma ameaça de outro planeta quer dominar a terra e usa monstros para tentar conseguir isso. Dessa vez os kaijus usados foram King Ghidorah e Gigan — este último é uma galinha com design futurista, lâminas nas mãos e nos pés e uma serra no meio da barriga. Parece pior do que realmente é, mas no fim das contas é um monstro bacana, pois faz mais em um filme que Rodan em três.
Ao menos quando trouxeram a franquia para um zona mais tradicional criou-se a chance de um nível de qualidade mais alto que os dois últimos— e experimentais — filmes. Por sorte, isso acontece aqui. Outras pisadas na bola acabam minando um pouco esse retorno, mas ao menos este longa está mais para um “Ghidorah, the Three-Headed Monster” que para um “All Monsters Attack“. Como dito, este é bem menos um filme experimental e mais um a entrada formular da franquia; o que não é necessariamente ruim, mas também acaba limitando a experimentação de elementos novos, que podem ou não adicionar à experiência geral da franquia.
Felizmente, a adição de Gigan foi muito bem vinda ao repertório de monstros, pois ele se mostra um kaiju digno da franquia nas batalhas. Levando em conta que ele faz mais do que voar por aí e bicar outros monstros, já é motivo de comemoração. Gigan tem uma personalidade violenta e durante as lutas se mostra determinado a obliterar seu oponente, em vez de apenas repelir e nocautear como nos outros filmes. King Ghidorah também se mostra presente, mantendo sua excelente pose nas cenas inéditas. Por outro lado, houve um surto de preguiça na produção do filme e decidiram simplesmente reutilizar cenas de “Destroy All Monsters“. Numa tentativa de roubar descaradamente os sucessos da obra de 1968, reutilizam aqui as cenas mais icônicas deste. Para se ter uma idéia do nível de desleixo, usam as cenas de luta de “Destroy All Monsters” — que se passam de dia — em uma sequência que acontece de noite! Simplesmente mudam entre cenas inéditas e requentadas na cara dura, no mínimo esperando que a percepção do espectador seja tão ruim quando o desleixo da produção.
Apesar desta burrada monstruosa, temos um clássico Godzilla com todos os elementos que fizeram a franquia famosa até então: lutas entre monstros, história de humanos contra alienígenas, monstros fazendo aparições pequenas para criar expectativa para a luta final e até mesmo as japoronguices — que querendo ou não acabam aparecendo uma hora. A palhaçada da vez foi colocar balõezinhos de fala quando os monstros se comunicam entre si. Tudo bem que eles já “conversaram” em outros filmes, mas por meio de grunhidos e rugidos. Dessa vez acharam que seria boa ideia colocar balões para traduzir o que os monstros estão falando. Depois da história do bullying e dos balõezinhos de fala, estarei no aguardo de onomatopéias durantes as lutas nos próximos filmes.
No fim das contas, este acaba sendo uma volta para a zona de conforto da série, acertando melhor em algumas partes — como nas batalhas menos simplistas — e errando ao usar as cenas de outra obra como se fossem novidade. Ao menos não foi uma história sobre os problemas de uma criança com bullying ou um longa com Godzilla voando pelos ares como um Jetpack.
1 comment
kkkkkkk se e mt engraçado cara kkkkkk