“Guardians of the Galaxy” é a mais nova empreitada da Marvel Studios, o segundo e último filme baseado em histórias em quadrinhos lançado pelo estúdio em 2014. O longa faz parte da Fase 2 dos filmes da Marvel, que começou com “Homem de Ferro 3”, continuou com “Thor: O Mundo Sombrio” e “Capitão América: O Soldado Invernal” e terá seu fim com “Avengers: Age of Ultron“. Além disso, rumores apontam que “Vingadores 3” terá conexão com a história de “Guardians of the Galaxy”, resta saber como vão conectar as duas tramas.
A história é simples: Peter Quill (Chris Pratt), um criminoso notório, bota as mãos num objeto que um gênio do mal deseja. Perseguido pelas forças da lei e por uma dúzia de forças do mal, Quill acaba tendo de concordar com algumas condições: junto de outros criminosos exóticos, ele deve montar uma equipe para parar o avanço deste vilão contra a galáxia.
Desde o começo, o longa deixa bem clara sua tonalidade mais puxada para o humor, iniciando com uma sequência que envolve música ao fundo enquanto o personagem sai cantando e lidando com pequenos monstros. Por mais que a cena tenha sido legal, ela não se repetem ao longo do filme ou faz dele um Musical. Ainda assim, vale notar que a música de fundo continua presente e é um elemento chave na história de um dos personagens. O mesmo pode ser dito de outros aspectos, que nunca são repetidos em excesso no desenrolar da trama; assim mantendo as boas piadas únicas e as piadas ruins minimizadas a um número que não prejudique a qualidade do longa.
A maioria das sequências de ação são boas por sua criatividade. Cada vez que um desfecho de batalha dá as caras o espectador tem uma surpresa, pois revitalizam com manobras espertas o clichê e de brinde já conseguem tirar uma risada ou duas. Por ter um arsenal bem variado de membros, a equipe consegue criar momentos únicos para incrementar cada cena de acordo com as características de um ou mais personagens. Nessa pegada, o longa consegue fazer batalhas pequenas e grandes serem espetaculares de presenciar. Infelizmente, espetáculo é onde os sucessos destas sequências param, pois não posso usar o termo “impactante” para descrevê-las. No que se refere ao universo do próprio filme, não existe impacto algum.
Infelizmente, o Universo Cinematográfico Marvel adota a mesma política dos quadrinhos ao dar pouco impacto a eventos grandes do próprio universo do enredo. Se por um lado ver uma batalha gigantesca com muita destruição e carnificina é de acelerar o coração do espectador, por outro parece irrelevante para o próprio enredo. No universo da história, toda essa destruição faz pouca diferença, como se as consequências de uma guerra fossem irrelevantes. Normalmente essa falta de consequência não me incomoda tanto, como a morte de um personagem que depois volta à vida nos quadrinhos, mas senti que no filme essa falta de impacto foi abordada com certa negligência.
Não sei se este é o lugar apropriado para fazer esta crítica, pois não sei até que ponto o filme usa elementos do quadrinho em sua execução, assim posso estar criticando coisas dos quadrinhos e não do filme em questão. Mas como nunca li os quadrinhos de “Guardians of the Galaxy”, posso dizer que achei a diversidade de raças um pouco decepcionantes. Diferente de Star Wars, onde cada raça alienígena possui um design muito heterogêneo quando comparada à outra, neste filme a pouca variedade me incomodou um pouco: temos os humanos, os humanos com pele verde, os humanos com pele azul, os humanos com pele roxa e tatuagens vermelhas, os humanos com dentes afiados… e por aí vai. Creio que o design poderia ter sido melhor trabalho, ainda mais considerando que o orçamento desta obra é ridiculamente alto.
Por outro lado, a diversidade se encontra justamente onde importa mais: na equipe principal do filme; esta composta por um humano, uma humana verde, um humano roxo, um guaxinim falante e uma árvore humanoide. Como dito, talvez pudessem ter variado um pouco mais em questão de design, mas cada personagem é bem diferente do outro em termos de personalidade e isso faz toda a diferença quando se trata da qualidade de diálogos, cenas cômicas e variedade nas batalhas. Chris Pratt interpreta bem Peter Quill, seus diálogos são bem criativos na sua maior parte e seu personagem é bacana, mas por algum motivo não engoli o ator direito, parece que falta um pouco de carisma no mesmo. Por outro lado, o personagem Groot consegue compensar essa falta do protagonista com um incrível vocabulário de cinco palavras . Ainda assim, não é nada que justifique a tonelada de memes sem graça na internet.
Além de Groot e Peter Quill, temos Rocket Raccoon. Portador de um nome curioso, este consegue se mostrar um personagem excepcional e essencial para a equipe. Certamente um dos maiores focos do grupo, a inconstância das atitudes do guaxinim traz para a tela um certo tom de vida, frente a algumas piadas meio manjadas que acontecem vez ou outra; assim como sua falta de noção de algumas habilidades sociais básicas, que também é uma das principais fontes de humor usadas pelo personagem. Até tentam repetir essa mesma técnica com outro personagem, Drax, mas a falta de simpatia do personagem não emplaca tão bem na hora de fazer graça. Felizmente, os personagens mais sem graça da equipe, que sozinhos seriam dispensáveis, em equipe conseguem ser melhor utilizados.
Com boas cenas de ação, humor bem trabalhado e personagens bacanas, o filme se posiciona entre os melhores filmes da Marvel Studios, mesmo com uma conclusão fraca e um dos piores usos de slow motion da história do cinema. Em geral, “Guardians of the Galaxy” é certamente um filme que merece ser assistido e após o sucesso de bilheteria até então, já deve ter feito novos fãs o bastante para esperarmos uma continuação em 2017.