Recentemente tenho visto alguns filmes que compartilham uma característica: se analisados objetivamente, não são mais do que bobagem; mas a forma como eles usam a ruindade transforma a experiência em algo melhor do que é sugerido. Basicamente, eles são filmes trash que abusam desta qualidade para ir além. Com isso em mente, ainda não sei dizer ao certo se “The Ridiculous 6” tem algum tipo de consciência sobre sua estupidez ou se o “Ridiculous” do título é usado como desculpa para os roteiristas fazerem o que quiserem. De um jeito ou de outro, é um tanto impressionante como este filme consegue evitar ser o lixo completo que aparentava, sendo tão estúpido quanto pode e se superando constantemente neste ciclo de burrice.
Ele pode até usar roupas de índio, mas o rosto de Tommy Stockburn (Adam Sandler) mostra que não há nada de pele vermelha em sua genética. Sem pai ou mãe, o rapaz foi criado por índios e lá recebeu o nome “Faca Branca”, pois não há ninguém melhor que ele quando o assunto é facas. Em uma visita inesperada, seu ausente pai aparece no acampamento indígena para um reencontro amigável, oferecendo a quantia de $50.000 dólares para a tribo como presente. No outro dia, bandidos vêm para roubar o dinheiro do pai de Tommy, que mente sobre o esconderijo do tesouro. No entanto, o velho será morto caso o dinheiro não esteja no local prometido, então cabe a Faca Branca arranjar o dinheiro e salvá-lo. No caminho, ele descobre outros 5 irmãos que seu pai gerou em suas viagens, todos mais que dispostos a ajudar.
Imagine todos os atores conhecidos por comédias toscas e papéis lamentáveis. De alguma forma, conseguiram juntar vários deles aqui para fazer o que fazem de melhor: parecer estúpidos. Curiosamente, o ator que sai melhor nesse papel não é conhecido por seu trabalho na Comédia; embora pudesse ser, pois seus papéis sérios raramente são vistos dessa forma pela audiência. Taylor Lautner ganhou sua fama por interpretar Jacob na série Crepúsculo, um humano que pode se transformar em lobo. Aqui ele é um dos irmãos do protagonista, um garoto que certamente bebeu água de parto quando nasceu, um verdadeiro imbecil. Pelo pouco que vi de “Crepúsculo”, pude notar que sua atuação é um dos motivos pelo qual a série é vaiada; ele é mais um modelo de corpo para fazer ciúmes ao interesse amoroso de Bella, a protagonista. Quando vi sua interpretação absurda neste filme, devo dizer que tive de pensar duas, três e até quatro vezes antes de elogiá-la. Por mais que o personagem seja burro em todos os sentidos, o ator está tão irreconhecível que não dá para negar que a atuação é boa.
Claro, não é nada merecedor de atenção num Oscar, é apenas o tipo de performance tão superior ao que veio antes que não há como ignorar. Para efeito de comparação, Adam Sandler tentando fazer um personagem austero é mais ridículo do que a burrice entregue por Lautner. Não é fácil levar Sandler a sério, ainda mais quando ele simplesmente não é um ator com recursos para tornar isto possível. Mesmo que o nome do ator seja um dos chamarizes deste longa, não é por causa de sua atuação que ela é aproveitável. O humor desta obra é algo incomum. É o tipo de material tão profano, prepóstero, absurdo e retardado que nenhum Howard Hawks passaria perto. Por vezes ele é apenas idiota, sem graça alguma, mas em diversos momentos ele é tão inesperado e direto que a própria surpresa adquire um tom engraçado.
Não são as piadas que alguém contaria numa roda de amigos. Tentar recontá-las provavelmente fará qualquer um passar vergonha, enquanto outras mal podem ser descritas. É o tipo de situação que em poucos instantes vai da palhaçada leve a sexo oral e zoofilia. Definitivamente não é assunto de conversa casual. Ao menos se mantivessem esta sequência de galhofas absurdas até o fim, intercalando com a medíocre trama, este filme com certeza seria melhor. O problema é que parece que a produção perde a linha, não sabe a hora de parar; este longa vai muito além da 1h30 de sempre, beirando as 2 horas de duração. Como é de se pensar, simplesmente não há conteúdo o bastante para preencher tanto tempo. A partir de certo ponto as piadas perdem força e dão lugar a sequências que simplesmente não deveriam estar ali, partidas de beisebol ou de pôquer totalmente mal pensadas, apenas ali para prolongar e piorar a experiência no geral. Complica ainda mais quando referências ao Velho Oeste são tiradas do nada. A cena de Wyatt Earp e Mark Twain, por exemplo, serve apenas como algo para lembrar os roteiristas que esta é uma sátira do Faroeste.
Quando “The Ridiculous 6” chega nessa parte, a única pergunta que resta é por que diabos o filme ainda não acabou, ou que tipo de coisa vão mostrar para deixar tudo ainda mais maçante. Melhor do que o esperado, este longa-metragem mostra que depois que a inspiração para o humor maluco acaba, não há nada para ser aproveitado. Deviam ter concluído a história quando estavam por cima.
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forçou demais pra falar mal do filme, ele gostou só não quer admitir kkkk