Chega o mês de Julho e com ele a temporada de filmes de verão, no pacote um dos filmes mais aguardados de 2015 e infelizmente outro forte candidato a pior filme do ano. Nesta fase ruim de Hollywood, onde muitas das obras dependem do sucesso do passado, temos outra continuação da franquia “Exterminador do Futuro” após 6 anos sem novidades. Além de desnecessário, este longa-metragem procura ir ainda mais longe ao usar novas viagens temporais e supostamente expandir o universo da franquia.
No futuro, a resistência humana se prepara para uma investida contra o coração da Skynet: uma base aparentemente ordinária, mas que contém o último recurso das máquinas em caso de derrota iminente. Quando os humanos finalmente alcançam a tal arma secreta da Skynet, descobrem que ela é uma máquina do tempo e que um exterminador já foi enviado ao passado para assassinar Sarah Connor (Emilia Clarke). Com isso, Kyle Reese (Jai Courtney) é enviado a 1984 para proteger Sarah, aparentemente levando ao começo do primeiro filme da série. Mas quando ambos os viajantes do tempo chegam a seu destino, são surpreendidos com uma situação totalmente imprevista: Sarah Connor está acompanhada de outro T-800 (Arnold Schwarznegger) e totalmente ciente dos eventos de viagem temporal à sua volta.
Quando digo que este é um candidato forte para pior filme do ano, não digo com o coração de um fã ofendido ou com olhares estritamente nostálgicos, pois por si este longa faz por merecer qualquer crítica que receber. Em primeiro lugar, conseguem transformar o icônico T-800 em um personagem risível, quase literalmente. Indo de um personagem de 700 palavras a um ciborgue tagarela, o robô perde muito de sua essência de outros filmes, que basicamente era se manter calado por boa parte do tempo e soltar alguns bordões interessantes eventualmente. Não que Schwarzenegger seja um ator incompetente, mas a troca de papéis de seu eterno personagem é no mínimo infeliz; ainda mais quando ele passa a fazer piadinhas por conta própria e até mesmo explicar a ridícula trama que envolve este emaranhado de lixo cinematográfico.
A história, por sua vez, é uma zona completa. Inicialmente parecendo algo bem direto ao ponto, com até mesmo uma ponte entre este e o original, a trama logo caminha para um rumo duvidoso, causando mais dúvidas do que qualquer outro sentimento. Quando flashbacks aleatórios e viagens temporais são usados tão despreocupadamente, certamente há algo errado. Por um lado, o uso da viagem no tempo sempre pareceu algo contido e bem controlado nas outras entradas, mas nesta usam como se fosse um ato tão simples quanto entrar em um carro para ir a algum lugar. O número de possíveis furos que isso traz é absurdo, e com a latente vontade de provocar a nostalgia do espectador a situação só piora. Ao contrário de “Jurassic World“, também continuação de uma franquia clássica, esta obra falha miseravelmente em qualquer resgate de momentos clássicos de seus predecessores. Em vez de uma homenagem ou referência, tais tentativas parecem mais uma exploração descarada de tais momentos, tentando reaproveitar qualquer tipo de impacto que ainda possam ter após esses anos. Some isso a um vilão duvidoso, uma Sarah Connor pouco convincente e um exterminador bizarro, que o estrago está feito.
O grande problema é que este longa falha em ser qualquer coisa que pretende, seja um bom filme de ação, de ficção científica, ou ao menos uma obra com um pouco de humor de qualidade. De uma história ruim muitos filmes de ação se salvaram, porém de uma ação ruim não há redenção para uma obra de um gênero especialmente focado neste aspecto. Se por um lado muitos trabalhos sofrem com o mau uso de CGI, este é um daqueles exemplos quintessenciais de como não usar computação gráfica. Indo além de tornar reais cenas fantasiosas, os efeitos aqui dão um passo a mais ao distorcer a realidade e tentar fazer disto algo palpável ao mesmo tempo. Ou seja, ver um helicóptero em queda livre levantar vôo instantaneamente ou um ciborgue de mais de 100kg ser lançado pelos ares como se a gravidade não existisse são ocorrências desnecessariamente comuns. Ao contrário de trazer a fantasia para a realidade de maneira interessante, o que se vê é mais uma manipulação despreocupada de uma mecânica que a equipe de produção parece não compreender muito bem. Entendo que pedir um drama de qualidade de um diretor como Michael Bay seja pedir muito, por exemplo, mas quando uma obra não consegue nem mesmo garantir a qualidade de seu aspecto mais central fica difícil tentar defender.
Falhando em ser um longa-metragem empolgante, engraçado, cativante, nostálgico ou minimamente competente, “Terminator: Genisys” é um dos piores trabalhos do ano por ser terrível em virtualmente tudo que se propõe. Um elenco fraco, um enredo patético, um T-800 ligeiramente diferente do clássico amado e uma ação desprezível são apenas alguns dos motivos que fazem desta obra tão ruim. Se nem nas investidas nas partes clássicas este filme acerta, é difícil ver como ele poderia acertar de alguma forma nas novidades, uma vez que estas são muito dependentes dos eventos que vieram antes.
2 comments
Desculpe-me, mas tu esta faladnoq eu o diretor de Terminator Genisys seria o Michael Bay?!!
Não, não. Citei o Michael Bay porque ele costuma fazer bem cenas de ação, enquanto não acerta a mão em cenas de drama. Foi um exemplo pra realçar o fato que o Terminator não executa bem nem as cenas de ação.