Com exceção de franquias enormes, como Godzilla ou James Bond com 30 e 23 filmes lançados cada, dificilmente uma continuação costuma superar a obra original. O que normalmente acontece é os engravatados dos estúdios aproveitarem ao máximo o potencial financeiro de um filme, bebendo até a última gota através de continuações inferiores. Com o orçamento reduzido em todos os sentidos, as continuações sofrem de pobre direção, roteiros mais fracos e às vezes até de um elenco substituído, entregando produtos frequentemente destoantes da glória do original. Neste caso, muitos podem ter pensado que a velha história se repetiria, ainda mais quando o Episódio IV causou tamanho estrondo. Mas não, o Episódio V chegou com o pé na porta mostrando não se preocupar com chegar no mesmo nível do original, e sim superá-lo em todos os sentidos.
Após a destruição da Estrela da Morte, Darth Vader adquire uma obsessão pelo jovem sensível à força que trouxe o fim à estação espacial. Procurando o rapaz e os rebeldes, Vader e o Imperador arduamente lançam buscas pela galáxia toda até que os encontram no gelado planeta de Hoth. À partir dali, a Aliança Rebelde volta a fugir da opressão Imperial; ao mesmo tempo que Luke Skywalker (Mark Hamill) começa treinamento Jedi com o Mestre Yoda. Mas enquanto Han Solo (Harrison Ford) e seus colegas vão ao encontro de um amigo em um planeta remoto, a sensação de que algo não está bem certo permeia o ar.
Com uma nova cabeça por trás da direção desta obra, há de se argumentar sobre as qualidades de George Lucas como diretor frente às significativas melhorias vistas aqui. Apesar do próprio Irvin Kershner não ter lá uma carreira recheada de sucessos, com o fraco “Never Say Never Again” em seu repertório, pode-se dizer que seu trabalho como diretor aqui é seu melhor momento como cineasta. Trazendo uma certa elegância ao que foi visto no Episódio IV, Kershner incrementa a experiência já positiva do filme anterior com uma direção mais sucinta, certamente proveniente de seus anos de experiência. Em geral, grande parte dos elementos vistos anteriormente recebem um polimento mais dedicado. Assim como os duelos de sabre, melhorados pela perícia do esgrimista olímpico Bob Anderson, os visuais e a maneira como são capturados são notavelmente aprimorados.
Enquanto o filme anterior continha muito conteúdo totalmente inédito para o cinema da época, ele ainda carecia de um cuidado maior em sua composição. Algumas cenas eram executadas de maneira curiosamente similar, como quando os X-Wings eram destruídos um a um em cenas parecidas, e às vezes cenas chegavam a ser totalmente recicladas. Ter alguém mais qualificado no timão certamente faz muito por este longa-metragem, que tem sua já fantásticas ação transformada e variada constantemente na mais grandiosa demonstração do potencial da franquia Star Wars. Mares de asteróides e tensos duelos com apenas silhuetas e brilhantes sabres visíveis são apenas uma amostra dos acertos deste filme; estes encontrados não no engrandecimento das características já conhecidas, como é visto no Episódio I, mas através de um tratamento mais delicado e profissional destes.
Curiosamente, o melhor filme da franquia é também o que não tem Lucas presente na direção nem no roteiro; e talvez isso tenha uma coisa ou duas a dizer sobre sua perícia como cineasta. No entanto, ver o que foi feito aqui com a sua criação apenas torna indiscutível sua capacidade criativa. Sem as inconveniências de roteiro vistas em outros filmes da franquia, este longa demonstra um caráter muito mais enxuto; onde a história é contada de maneira objetiva e clara, ao mesmo tempo que mantém os ânimos sempre altos com as sempre excelentes cenas de ação. Com um orçamento significantemente maior, não há discussão quanto a melhora de outros aspectos menores; tal como pode ser notado no figurino ainda criativo, porém agora aprimorado e mais variado.
No geral, aprimoramento e polimento são as duas palavras chave definitivas para “The Empire Strikes Back”. Pegando o que foi efetivo no Episódio IV e dando um toque mais profissional em cima de tal, este longa-metragem mostra que faz jus a sua reputação de melhor episódio da série de filmes.