Antes de assistir o primeiro “How to Train Your Dragon”, devo dizer que a premissa nunca me interessou muito. O filme parecia mais uma animação falha da Dreamworks. Felizmente, me enganei quando um dia dei uma chance e gostei muito dela, talvez porque fui assistir sem expectativa nenhuma. Ainda assim, sua qualidade está ali para qualquer tipo de audiência, esteja ela empolgada ou não. Quatro anos depois do original, a Dreamworks lança a tão aguardada continuação, que impressiona novamente por não entregar apenas um filme bom mas também uma continuação que supera o original.
Dessa vez a trama é apresentada de forma mais ambiciosa, dando mais enfoque aos personagens coadjuvantes e indo além da relação entre Soluço e Banguela. Em uma de suas aventuras, cavaleiro e dragão encontram uma caverna de gelo, onde centenas de dragões fazem sua casa. Os dragões retornam com eles para o vilarejo e vários deles são adotados pelos cidadãos, mas uma nova ameaça surge e coloca este momento de alegria em xeque. Não só os personagens presentes no primeiro filme ganham um pouco mais de profundidade, como novas adições somam positivamente ao elenco renovado. Exemplo disso é a, presumidamente morta, mãe de Soluço, que se mostra uma ótima adição ao elenco e dá mais riqueza à história ao participar de uma das melhores cenas do longa inteiro.
Novamente, os personagens se exibem carismáticos e engraçados, cada um de sua maneira.; só que agora cada pessoa possui seu próprio dragão, criando novas deixas para brincadeiras envolvendo os cavaleiros e suas montarias. Estas mesmas brincadeiras são o que acabam expandindo, mesmo que levemente, vários personagens secundários. Quem antes fazia piadas sozinho agora conta com uma contraparte animal para ajudar, o que torna toda a experiência bem variada ainda mais considerando a diversidade de cores, formatos e personalidades dos dragões.
Os visuais impressionam por ilustrar personagens, dragões, cenários e figurinos muito bem desenhados, todos em cores vivas e cenários detalhados. Nesse aspecto, “How To Train Your Dragon 2” realmente brilha na variedade de dragões, apresentados em todos os tamanhos e jeitos; indo de formas esguias com pescoços longos, a outras com duas cabeças e patas compridas e até dragões mais fortes e pesados com asas curtas. Criatividade é algo que não foi poupado nesse quesito. O nível de detalhe aplicado é tanto que coloca os visuais bem acima da média das animações mais recentes. Tudo isso aliado a um 3D muito bem aplicado e o resultado é um espetáculo visual cheio de cor e vida.
Mas por trás das cores alegres estão temas bem mais séria e sóbrios que a do primeiro filme, com momentos fortes que impressionam por estar num filme de animação tão alto astral como este. Várias cenas com certeza mexerão com o emocional do espectador, chegando a fazê-lo questionar se tudo aquilo está realmente acontecendo, momentos que tornam difícil questionar a maior maturidade do enredo. Ao mesmo tempo, outras cenas são igualmente fortes, mexendo com a audiência novamente com sua sinceridade até nos sentimentos mais básicos dos sentimentos humanos.
Como assisti à cópia dublada, não posso comentar da dublagem original em inglês. Mas posso dizer que fiquei um pouco decepcionado com os diálogos em português, claramente inferiores quando comparados a outras animações, como “Frozen”. A dublagem do protagonista Soluço não é das melhores e a voz por trás de sua mãe também é um tanto fraca. Era de se imaginar que personagens tão importantes receberiam uma atenção maiors, pois, por outro lado, coadjuvantes menores têm uma voz mais aceitável, ainda que o trabalho em cima da personagem Cabeçaquente seja de longe o pior de todos.
Em geral, “How To Train Your Dragon 2” é uma animação divertida e espetacular visualmente, mais madura e séria em comparação com seu antecessor. Mantendo-se como uma animação agradável e competente, ela demonstra crescimento em relação ao primeiro filme e abre um leque para boas continuações.