Dirigido por Gareth Evans, um cineasta indonésio e entusiasta de artes marciais, este é o terceiro longa-metragem de sua carreira. Estrelando em seus filmes o Pencak Silat, termo usado para agrupar os estilos de luta da Indonésia, Evans divulgou para o resto do mundo os estilos de luta englobados pelo Pencak Silat em seus filmes “The Raid: Redemption”, “The Raid 2: Berandal” e “Merantau”. Primeiramente planejado como um longa que se passa em uma prisão gigantesca, os planos foram mudados para o que é visto nesta obra por motivos de tempo e orçamento.
Uma equipe de cerca de vinte membros da S.W.A.T. é liderada por seu tenente em uma invasão a um prédio dominado por bandidos, chefiado por um lorde do crime que também é o alvo da equipe. A situação complica quando a presença da equipe é denunciada por um dos sentinelas aos delinquentes. Contra um prédio lotado de facínoras, os vinte policiais são forçados a lutar até seu objetivo com munição limitada e números significantemente menores.
Tratando de uma história sobre policiais, uma pessoa poderia imaginar que muitas das cenas de ação envolveriam tiroteios e armas de fogo, como acontece frequentemente nas obras do gênero. Mas aqui, por incrível que pareça, existe uma forte tendência do uso de armas brancas e combate corpo-a-corpo, porque em alguma parte do planeta estes são métodos mais eficientes de matar alguém. Competente ou não na hora de matar, ambos os métodos são mostrados aqui, criando sequências de ação frenéticas e agitadas.
Mesmo que cair na porrada não faça muito sentido quando você tem rifles automáticos, ver policiais e bandidos lutarem no braço até a morte é no mínimo interessante. Melhor do que isso, as cenas são totalmente excelentes no que se refere a criar uma atmosfera absurdamente energética e um dos ritmos mais velozes já vistos em um filme de ação. Com exceção das primeiras cenas, o filme todo não para por um minuto sequer, sempre há algum movimento na tela para ser apreciado. Felizmente, apreciar o que é oferecido por esta obra é muito fácil, pois a montagem e a execução de tais cenas é impecável. Fato este pode ser facilmente notado nas relativamente longas tomadas, que demonstram perfeitamente tanto a técnica dos atores quanto o que está acontecendo na tela.
Essas tomadas longas não chegam ao nível da cena do martelo em “Oldboy“, mas são compridas o bastante para estarem no polo oposto das cenas de luta lotadas de cortes de “Game of Thrones”. Sequências estas do mencionado seriado que deixam aparente apenas uma bagunça visual ao invés de movimentos claros e precisos. Um incremento interessante à formula apresentada é a falta de escrúpulos no que se refere ao uso da violência: bem dosada para não abusar da brutalidade explícita como valor de choque, mas ainda assim presente o bastante para tornar tudo mais excitante. Porque uns sopapos no ouvido são sempre interessantes, porém porradas com algumas facadas na barriga são sempre mais excelentes. Atinge-se aqui um clima longe de uma atmosfera light, comum em obras de artes marciais, porém sem chegar a jorrar sangue pelas paredes.
Um ritmo frenético do começo ao fim é o que define bem este sensacional filme de ação, recheado de sequências intensas e movimentos vigorosos. Podendo ser classificado como um longa violento, “The Raid: Redemption” se sobressai justamente por transmitir essa atmosfera sem fazer das cenas um banho de sangue completo. Mais importante que essa sutileza na hora de dosar elementos é a essência da ação em si: as excelentes coreografias de luta, tão bem executadas quanto são bem representadas. Em pouco se erra nesse filme, que talvez peca um pouco na parte visual ao entregar cinza demais o tempo todo, parecendo sujo e feio ao invés de atraente.