“Teenage Mutant Ninja Turtles” é a quinta adaptação cinematográfica do quarteto de tartarugas mais famoso da história. A adaptação foi encabeçada pelo estúdio Platinum Dunes do diretor Michael Bay, também responsável pelos remakes das franquias Sexta Feira 13, A Hora do Pesadelo, e O Massacre da Serra Elétrica. Antes dessa obra, a equipe justiceira teve passagem por diversas mídias, indo de quadrinhos até os desenhos animados, video games e séries de televisão. Com tanta coisa por aí uma nova adaptação não era exatamente desejada, ainda menos quando o nome de Bay está envolvido. De certa forma, as expectativas negativas tinham razão.
A história é a mesma dos filmes antigos e do desenho animado: quatro tartarugas sofrem mutações por agentes químicos e são treinadas pelo Mestre Splinter — também mutante — em artes marciais. Mais cedo que tarde, essas habilidades se mostram essenciais quando as tartarugas decidem combater o crime na cidade de Nova York. Não só o crime, mas o Destruidor, um ninja de armadura metálica e uma infinidade de armas à sua disposição.
Acredito que muitos concordarão quando digo que o design das protagonistas foi uma das coisas que mais mataram as expectativas por algo bom. De todas as decisões, a pior foi de longe o visual de praticamente tudo no filme; as próprias tartarugas e até outros personagens são extremamente feios por conta das escolhas infelizes de design. Os protagonistas, por exemplo, são apenas horrorosos. Sua anatomia bizarra é a mistura de uma tartaruga humanoide com um coquetel de anabolizantes musculares; sem deixar faltar espaço para outras características biológicas estranhas, que resultam em traços realistas somados a uma pilha de músculos, veias expostas e tudo o mais.
Não bastasse o look esquisito das tartarugas, encheram os protagonistas dos mais variados acessórios. A lógica é bem simples: escolheram enfeitar cada uma com perfumarias de acordo com sua personalidade. A idéia até faz sentido e funcionaria se tivesse sido usada com moderação, mas esse não é o caso. Mantiveram as personalidades da série original com um punhado de coisas pára reforçar o ponto, como por exemplo: Leonardo é o integrante mais centrado do grupo, então dão a ele trejeitos que lembram um samurai, pois samurais são sérios; Donatello é o crânio do grupo, então ele ganha óculos de grau, um computador nas costas, um visor tecnológico, um bracelete eletrônico e uma GoPro; Rafael é o mais corajoso e estiloso e para refletir isso sua máscara tem de ser uma bandana com óculos de sol nunca usados; finalmente o descontraído Michelangelo precisa ser radical e jovial, então por que não fazer dele um rapper que anda de skate e usa colares esquisitos no pescoço? O único personagem que se salva é Mestre Splinter, que também é menos caricato pelos traços realistas, mas de resto é fiel ao personagem original. Até mesmo Destruidor — um clássico exemplo de vilão estereotipado — sofre com essas escolhas. Ele começa com a armadura clássica e logo troca ela por outra equipada com centenas de lâminas. Era pra ser algo ameaçador, mas no fundo só pareceu uma tentativa de deixar o sapato de Rosa Klebb no chinelo.
Embora muita coisa do visual seja um atentado contra o bom gosto as sequências de ação conseguem ser satisfatórias e até bem criativas. Conseguiram representar bem a imaturidade e a inexperiência do quarteto, então nenhuma cena acaba exagerando no quesito de coreografia de luta. Outras cenas até inovam as já conhecidas cenas de briga, lembrando um pouco o estilo James Bond de colocar os heróis em circunstâncias absurdas. Claro que nem essas cenas saem impunes, pois quase conseguem sabotá-las quando surgem pequenos momentos e diálogos dignos de vergonha alheia. Parte disso se dá pela desnecessária necessidade de explicar absolutamente tudo no filme. Explicam a origem das tartarugas, a origem dos nomes, a origem de Destruidor, a relação da protagonista com os heróis, a relação de um personagem com o amigo do pai de outro personagem… Por mais que alguém desconheça a franquia completamente, uma explicação intensa é desnecessária porque a história nunca foi complexa ou relevante assim, em primeiro lugar. Perdem muito tempo explicando coisas que não importam pra ninguém: os fãs já sabem de tudo isso, enquanto novatos não têm como ligar para detalhes de algo que nem conhecem direito.
No fim das contas, “Teenage Mutant Ninja Turtles” foi mais ou menos o que eu esperava desde seu anúncio: nada excelente e nada extremamente ruim. Sem dúvida foi decepcionante, mas conforme as informações foram saindo antes do lançamento as expectativas foram baixando. Algumas cenas muito boas fazem a experiência vale a pena por um pouco de tempo, embora errem feio em muitos aspectos que enfraquecem o filme em geral.