“Transformers: A Era da Extinção” é o quarto longa da franquia blockbuster de Michael Bay, que cimentou o nome Transformers em sua carreira após o sucesso comercial de três filmes consecutivos. Atualmente uma das franquias que grande parte do público ama odiar, “Transformers” mostra-se como um decente entretenimento despreocupado em seu quarto filme. Robôs gigantes explodindo tudo não é algo do que eu costuma reclamar, mas quase três horas disso é ir um pouco longe demais.
A trama se passa quatro anos depois do desfecho de “Transformers: O Lado Oculto da Lua”, com uma cidade de Chicago vitoriosa e totalmente destruída após outra batalha entre Autobots e Decepticons. Mas quando Optimus Prime e outros Autobots são gravemente feridos em emboscadas feitas pela própria humanidade, ele passa a se esconder das mesmas pessoas que jurou proteger. Com isso, os poucos Transformers que restam são forçados a buscar o exílio para evitar que sejam extintos.
Apesar da fórmula ser essencialmente a mesma dos outros filmes, Michael Bay renova um pouco as coisas ao substituir Shia LaBeouf e família, por Mark Wahlberg e Nicola Peltz como os novos astros do longa. Wahlberg interpreta Cade Yeager, um inventor que passa por problemas dentro de casa enquanto tenta conciliar sua ocupação com manter sua filha feliz. Caracterizado pela superproteção de sua família e pela determinação para cumprir quaisquer objetivos à sua maneira, Yaeger se encontra em constante atrito com sua filha adolescente, adicionando mais ao elemento humano do que a era LaBeouf pode se gabar. As relações humanas não passam nem perto do que um filme minimamente sério ofereceria, mas considerando o que veio antes, tudo pode ser visto como lucro.
Como esperado, diversos clichês estão ali escrachadamente, que vão desde um Transformer Samurai. que chama Optimus de sensei, até uma cena final digna de algo direto do pior dos anos 80. Ao menos essas cenas clichê cumprem bem o papel proposto inicialmente a elas, pois outras mostram que qualquer tentativa do diretor de ir além da ação é um tiro na água. Nem mesmo uns personagens se salvam. Muitos são criados tendo um papel exatamente igual ao de outro em um filme anterior, enquanto outros são gerados apenas para mostrar uma cara nova e não dizer que são sempre as mesmas.
Mas embora as críticas à capacidade de gerar drama de Michael Bay tenham fundamento, ninguém pode negar que o diretor sempre entrega uma experiência visual intensa. Com efeitos especiais extremamente bem encaixados no cenário, os robôs em nenhum momento parecem estar deslocados do resto do ambiente, dando uma fluidez para as inúmeras cenas de ação presentes. Curiosamente, este bom senso visual aparece também em cenas sem robôs, fazendo cenários já incríveis parecerem ainda mais grandiosos que são. Mas se existe um ponto onde as pessoas gostam de avaliar mal a franquia é este: há certo sentido nessa carnificina visual, pois por mais que pareça burra e rasa, ela entrega uma boa dose de inegável entretenimento. Em alguns momentos realmente é difícil capturar todos os detalhes. Os robôs têm um design complexo por si, explodindo e pulando isso se complica ainda mais. Nada que atrapalhe muito a experiência, pois o conteúdo que realmente importa nunca passa em branco.
Apesar de não ser tão bem desenvolvida quanto poderia ter sido, a trama procura variação ao fugir do clássico embate entre Autobots e Decepticons. A própria humanidade contra os robôs é uma jogada que funciona melhor do que é descrita aqui. Como Megatron virou sucata no último filme, tiveram de arranjar um vilão novo. Lockdown, que impressiona por não ser genérico como muitos dos novos robôs introduzidos e ainda consegue se sustentar como o antagonista da trama. Sua presença nunca será tão memorável quanto a de seu predecessor, mas para o que o mesmo se propõe — um vilão com prazo de validade — não existem reclamações.
Sendo um filme de ação decente com cenas de tirar o fôlego e visuais extraordinários — que em IMAX 3D se exibem como colírio para os olhos — não é surpresa que “Transformers: A Era da Extinção” tenha seus defeitos. Não bastassem os personagens ocasionalmente estúpidos além da conta e uma trama com potencial mal explorado, o filme acaba se estendendo um pouco demais no final das contas. Com quase três horas de duração, este longa-metragem poderia ter reduzido um pouco a parte “longa” do termo, o que sem dúvida deixaria o produto final mais equilibrado com o ritmo acelerado de várias sequências.