Se após assistir qualquer trailer da meia dúzia lançada alguém botou fé que este filme salvaria o Quarteto da sequência de material ruim, sinto dizer que este passa muito longe disso. Caso o aumento de qualidade fosse mínimo o bastante para amenizar um pouco a situação, o espectador ainda poderia cultivar esperança que em outras mãos o resultado sairia melhor. Pior do que manter o nível ruim, este longa chega a se posicionar ainda abaixo de qualquer conquista do passado. Minha recordação dos filmes antigos pode até ser questionada, mas não há dúvida alguma que este filme por si faz por merecer as vaias que recebeu até agora.
Outra história de origem, o que se vê aqui é como o Quarteto Fantástico nasceu, qual foi o evento que deu vida a um dos grupos de super-herói mais famosos da Marvel. Reed Richards (Miles Teller) é brilhante desde criança, chegando a construir com seu amigo Ben Grimm (Jamie Bell) uma máquina de teletransporte ainda na infância. Com o tempo, Reed recebe uma bolsa de estudos no Edifício Baxter e lá encontra Sue Storm (Kate Mara), entre outras pessoas. Com uma equipe formada, o projeto é levado adiante e resulta numa potente máquina capaz de teleportar pessoas para uma dimensão até então desconhecida. Ao finalmente chegar na tal dimensão, o grupo sofre um acidente que muda suas formas físicas e os dá incríveis poderes.
Após as críticas tão negativas que este longa-metragem agregou, tive a impressão que acabaria achando este filme melhor por esperar tão pouco; e incrivelmente o que aconteceu foi que, de alguma forma, as expectativas negativas foram correspondidas. Só que nem tudo começou tão ruim, mesmo com algumas referências toscas e eventuais demonstrações de má atuação, a sensação era de que havia algum exagero por parte da crítica. Ou algum tipo de padrão de qualidade foi desenvolvido a partir dos filmes da Marvel, ou então que este seria um exemplo bem fora do modelo da mencionada produtora. Usando uma caracterização diferente do que foi visto anteriormente, mais especificamente na origem e na idade de vários personagens, um ponto positivo pode até ser dado pela boa vontade de mudar um pouco as coisas.
Finalmente chega um momento onde as coisas param de ser medianas, ou até minimamente decentes, e passam a cair em velocidade terminal em direção ao limbo onde todos os filmes ruins lançados até hoje descansam. Após introduzir e contar as origens de quase todos os personagens envolvidos, é até engraçado como o longa-metragem falha miseravelmente em explicar todo o conteúdo novo no mesmo ritmo que estes são introduzidos. Perto da conclusão, no conflito central, é onde o ápice do absurdo é atingido; e após explicar tanta coisa da pior maneira possível, uma das poucas surpresas é entregue quando o antagonista incrivelmente não proclama: “Sou um super-vilão! Destruir o mundo, é isso o que eu faço!”. Esta indecisão e falta de solidez no que se refere a manter o espectador inteirado nos eventos do filme é onde outra das falhas críticas deste filme está, pois se por um lado sabemos exatamente como Ben Grimm ajudou Reed, em contrapartida não se tem nem dica do porquê o vilão está fazendo tudo aquilo em primeiro lugar.
Nem na ação, que imagino que seria um possível ponto de redenção, o filme se salva; pelo contrário, é através dela que as coisas realmente pioram e dela que pode-se ver a real razão do ódio por este longa. Caso de alguma forma o espectador estivesse anestesiado às falhas por conta das críticas negativas, é quando a porrada come solta que o balde de água fria é jogado e que não há mais salvação para o Quarteto Fantástico com esse filme. Não é a falta de efeitos especiais de ponta de linha que traz a ruína, mas sim uma completa falta de referência de como executar uma cena de ação minimamente bem. Não parecem ter a mínima idéia de como explorar os poderes dos heróis e vilões envolvidos, por exemplo, uma das coisas mais atrativas de uma obra de herói. O pior é que isso não acontece por tais sequências não serem do mesmo nível de algo que a Marvel tenha feito previamente, a estrutura é até familiar com exceção de um detalhe crítico: a duração, extremamente curta, junto de uma conclusão absurda, que se fosse chamada de conveniente seria um grande elogio, não entrega absolutamente nada! Não existe um momento para se empolgar, e antes mesmo dos adjetivos negativos começar a surgir, o filme simplesmente acaba com um roteiro provavelmente escrito pelo sobrinho de 6 anos de algum envolvido na produção.
Novamente se tem uma bola fora quando se fala em Quarteto Fantástico, e mesmo com uma porção de mudanças, que até tinham algum potencial, este longa-metragem finalmente falha em ser ao menos medíocre. Não fossem os efeitos especiais modernos, este facilmente poderia ser considerado como um longa pertencente à fase de filmes medíocres de super-herói, que teve a Fox como uma das responsáveis.