O período entre guerras foi um tanto tenso para a Alemanha, as exigências impostas pelos países vitoriosos mostraram-se pesadas. Dentre os prejuízos estavam a perda de colônias e despesas pesadíssimas, como o pagamento de reparações para certos países. Isso resultou em uma série de ocorrências que acarretam na ruína da economia alemã. Quando instaurada em 1919, a República de Weimar restaurou a moeda e reparou a economia, eliminando várias exigências do Tratado de Versalhes no processo. Entretanto, muitas das estruturas em que tal República se sustentava eram instáveis desde o começo, tais como: extremistas políticos que desprezavam a república; a instabilidade econômica, embora já presente, agravada pela Depressão Econômica de 1929; e algumas teorias conspiratórias populares, que acusavam os cabeças da República de serem responsáveis pela derrota na guerra. Com a queda de Weimar, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista, ganha espaço na política e Adolf Hitler vai ao poder como chanceler. Nos meses decorrentes, uma série de movimentos políticos acontece; cada um deles limitando cada vez mais as liberdades sociais e aumentando os poderes do Estado.
Baseando-se fortemente na propaganda para divulgar seus ideais e manipular o suporte da população, o partido Nazista realizava também Congressos em Nuremberg para este fim. Eventos de porte gigantesco, estes foram realizados de 1923 até 1938, com milhares de pessoas comparecendo e figuras de alto escalão mostrando presença através de inúmeros discursos. Dentre os cineastas encarregados de capturarem tais eventos estava Leni Riefenstahl, que fez três documentários abordando os Congressos de 1933 a 1935. O mais famoso deles é este filme, que foi bem recebido não só na Alemanha como no resto do mundo, rendendo diversos prêmios a Riefenstahl.
Caso os padrões da época forem levados em conta, este é sem dúvida nenhuma um dos melhores filmes do mundo. Com técnicas inéditas e revolucionárias para seu tempo, este longa mostrou-se efetivo como nenhum outro até então tinha feito. Câmeras móveis, tomadas aéreas, e o uso lentes para uma captura mais abrangente são apenas alguns das técnicas presentes, todas sagazmente utilizadas para transmitir a vibração dos eventos gigantescos da época. Centenas de milhares de civis, militares, e até mesmo crianças mostravam-se presentes no Congresso, e a maneira como são capturados pela câmera é tão efetiva quanto poderia ser. Particularmente, o que torna a fotografia genial é a capacidade de Riefenstahl de ligar filme e realidade através de tal aspecto. Os discursos de Adolf Hitler frequentemente abordam o valor individual de cada alemão, o que cada um pode fazer pela hegemonia do Estado; se referindo na mesma proporção à unidade sólida representada pela sociedade como um todo. Através de imagens fantásticas, infelizmente depredadas pelo tempo, essa ideologia é transmitida conforme a diretora muda de foco e visão; indo da imagem grandiosa de milhares de pessoas minuciosamente organizadas, para outras focadas no indivíduo como alguém único, como um soldado ou uma criança.
Por outro lado, se este for avaliado com padrões modernos em mente, sua efetividade como um filme prazeroso é diminuída consideravelmente. A fotografia e a direção se mantêm excelentes, pois mesmo que tais técnicas não sejam novidade hoje, elas ainda são competentes. A grande questão é que, a não ser que o espectador considere passeatas militares com hinos ao fundo algo excelente, este filme não é bem a definição de uma experiência cinematográfica agradável. Basicamente, este longa-metragem pode ser considerado como um conjunto de três coisas: hinos nazistas e alemães como trilha sonora; discursos de Hitler e outras figuras importantes; e aglomerados de milhares de pessoas desfilando. Mais frequentemente que não, a complexa demonstração visual mostra-se insuficiente na manutenção do interesse do espectador; o que possivelmente tenha uma coisa, ou duas, a dizer sobre o sucesso deste longa-metragem como propaganda hoje em dia.
Em relação ao que se diz sobre este filme ser ou não um documentário, digo que este é sim mais um exemplo do gênero, mas que também pode ser considerado como propaganda. Neste longa-metragem, os eventos são capturados da maneira como ocorreram, ao mesmo tempo que são usados como veículo de fortalecimento do regime. Apesar das atrocidades cometidas por tal governo na Segunda Guerra Mundial, não pode-se dizer que este filme as varre para debaixo do tapete, ainda mais quando elas nem tinham acontecido ainda. Sim, até o lançamento do filme alguns movimentos políticos agressivos haviam sido cometidos, mas tais pontos não são nem postos em questão para sequer poderem ser omitidas. Em nenhum momento pode-se dizer que o filme entra em contradição com a realidade da época; dizer que a maldade foi escondida para deixar apenas a parte charmosa da Alemanha Nazista é prepóstero, pois querendo ou não, o partido de Hitler tinha o apoio de seu país. Nenhuma mentira é contada, e até onde posso dizer, são pessoas reais que marcham e vibram com os discursos enérgicos de Adolf Hitler, e não marionetes estrategicamente postos para transmitir uma imagem falsa.
Inovador e revolucionário em seu tempo, este filme mostra que seus acertos são tão efetivos quanto na época, apesar de não serem mais novidade. O problema está justamente na estrutura desta obra, que preenche seus 114 minutos com nada mais que passeatas, discursos eventuais, e todo o estoque de hinos nacionais da alemanha. O resultado é uma experiência significantemente tediosa, que apesar de alguns momentos intensos, ainda desaponta em entregar um longa-metragem aproveitável.