Após dois grandes filmes consecutivos, criar expectativa para uma conclusão satisfatória torna-se algo quase inevitável. Se alguém que vê a Trilogia Original atualmente já fica curioso pelo desfecho, há de se imaginar a loucura na época nos três anos entre o Episódio V e o Episódio VI. Como tudo vai se desembrulhar? O que acontecerá com Luke, agora que seu laço paternal com Vader foi revelado? Quais as chances da Aliança Rebelde derrubar o Império? A antecipação por respostas adiciona um peso imensurável nas costas deste longa-metragem, mas com o sólido estabelecimento de direções no filme anterior, tal tarefa deveria ter se mostrado um tanto mais suave do que foi aqui.
Após a captura de Han Solo (Harrison Ford) por Boba Fett, o caçador de recompensa à mando de Jabba, um plano de resgate é organizado por Luke Skywalker (Mark Hamill) como prometido. Do outro lado da galáxia, a segunda Estrela da Morte entra em seus estágios final de construção e ameaça a integridade da galáxia inteira com seu poder de fogo. Em uma manobra desesperada, a Aliança Rebelde planeja um ataque contra a nova estação espacial, ao mesmo tempo que Luke deve enfrentar seus demônios e resolver-se com seu pai, Darth Vader.
Com a significativa melhora de roteiro vista no Episódio V, o palco para a apresentação da conclusão espacial estava posto. Levando em consideração o que foi feito certo no filme anterior, fazer uma continuação que superasse o mesmo não era pra ser uma coisa de outro mundo. Enquanto “The Empire Strikes Back” introduz uma linha de história praticamente nova, lembrando que o Episódio IV por si é um arco fechado, concluir tudo o que já foi muito bem desenvolvido é facilitado significantemente. A questão é que apenas conclusões não bastam para preencher duas horas de filme, e o conteúdo inserido nessas lacunas é de uma qualidade no mínimo questionável. Nenhuma delas chega ao nível de alguns desastres do Episódio I, mas pode-se dizer com segurança que o efeito Jar Jar Binks começa aqui.
A inclinação de George Lucas para favorecer a venda de brinquedos e o merchandising da franquia em detrimento da narrativa torna-se clara aqui; e caso isso não fique explícito através do filme em si, inúmeros fatos podem confirmar essa tendência. Dentro dos círculos de fãs de Star Wars é bem sabido que o destino do personagem Han Solo era pra ter sido diferente, o que reforça tal ponto assim como a saída do produtor veterano por conta de conflitos com Lucas, incluindo a questão dos brinquedos. Após o que Irvin Kershner fez com sua franquia no filme anterior, trazê-lo de volta era mais do que seguro na hora de garantir o sucesso da continuação. Entretanto, o mesmo procurou pessoas que compartilhassem suas intenções e acabou substituindo o que era bom por algo duvidoso. O resultado é uma entonação bem mais leve e infantil que qualquer uma das entradas até então, onde personagens são apresentados de maneira diferente e a história em si não recebe a atenção que merecia.
Por grande parte do tempo a história não demonstra ter a atmosfera épica que outrora possuiu, tendo no lugar desta um tom muito mais voltado para crianças. Uma raça de ursos anões, não muito convincentes na arte do combate, diga-se de passagem, estarem ligados ao destino da galáxia diz muito sobre para onde as coisas estavam indo. Muito do que Star Wars era passa a ser espetáculo em vez de possuir um significado para a trama, e não seria até meados do Episódio II que um equilíbrio passável seria atingido. O que impede este longa de receber uma avaliação mais negativa é que no quarto final de filme as coisas realmente voltam a ficar excelentes: frotas espaciais em combate, Millenium Falcon tendo seus 5 minutos de glória, e não apenas um duelo de sabre competente, mas sim o melhor de todos os filmes. Nesse ponto, acredito que ainda mais que no Episódio V, conseguiram implementar as emoções dos envolvidos excelentemente. Não só uma coreografia sensacional está para o deleite visual do espectador, como esta também mostra-se como um artifício ótimo para canalizar o conflito emocional de Luke para fora do personagem.
Um filme que facilmente poderia ter superado seu predecessor, “Return of the Jedi” peca por abrir mão justamente das ferramentas que cimentaram o sucesso do Episódio V. Saem Gary Kurtz como produtor e Irvin Kershner como diretor, e entram George Lucas com um dedo no roteiro e Richard Marquand na direção. Mesmo com tudo preparado, este filme dá menos relevância ao que importa em prol de um merchandising descarado; e por mais que este não seja um filme ruim, as influências das escolhas infelizes de seu criador são mais do que claras.